quinta-feira, 11 de abril de 2013

EDIÇÃO PESADA - NETO, DENGUE E MADURO

Ilustração - Vitor Fernandes


Meu vizinho se chama Antonio Francisco. Morro de pena dele, coitado. É o mesmo nome do prefeito. É muito perigoso. Pode sobrar para sua cabeça alguma coisa feita para o outro. Meu Vizinho se previne como pode. Tá até usando um patuá feito na Bahia. Mesmo assim tem medo. Há trabalhos pesados, por aí. Ontem mesmo, ele se debruçou no muro e me contou que está perdendo o crédito na praça. O dono da quitanda falou que não lhe fia nem um pézinho de alface. Agora, disse esfregando o polegar no indicador: "Só no din-din". Está desacorçoado. Sua caixa de emails está assim de impropérios. Cheinha mesmo! Por dever de ofício, ele as veio abrindo todas, todas. Até que um dia deu com uma escassa e solitária nota de apoio: “Vá em frente, meu prefeito querido. Tamos juntos! O pouco com Deus é muito”.  Ele respirou fundo e comentou assim: “Deve ser coisa do Zezinho da Ética me tirando.” Mas eu concertei logo, logo uma possível injustiça que assim se fazia; disse-lhe que uma manifestação dessas também podia ser do Adelson Vidal ou do Jornal Aqui. A César o que é de César. O estilo é o mesmo, como se há de ver. O Prefeito  ainda tem amigos, apesar do arrasto da última greve municipal.  O prefeito está a descoberto. . E, antes que apareça  o menino de La Fontaine dizendo que o rei está nu é preciso tampar-lhe as vergonhas. Como são parecidos os seus amigos! O Zezinho da Ética caiu no mato, o Adelson Vidal passou a discutir a candidatura de Lindberg e o Jornal Aqui pegou o Prefeito de Barra Mansa como tábua de bater roupa. Só que está meio destreinado de "bater". Chama-o de "comunista". Ele pensa que "comunista" é palavrão.  Bobagem. Podia chamá-lo de comunista, petista, PSDBista, PSOLista... tudo dá na mesma coisa. Acho que está todo mundo perdido.



Do Aedes aegypti já se falou um monte de coisas . O Prefeito de Volta Redonda, sem ter nada para comemorar, diz que 42% desses mosquitos são criados nas residências; logo, os 58% restantes são deles. Estão nos próprios municipais. Não sei se ele sente orgulho com esta marca; só sei que ele espalhou um monte de placas anunciando o fato. Bichinho danado este pra fazer amizades.  Na guerra hispano-americana ele matou mais gente do que os canhões todos juntos. Matou milhões de pessoas na guerra hispano-americana. Agora, produz dengue. Toda chance humana de escapar está no combate do mosquito. Inseticidas, carros fumacê,  já não lhes fazem mal. Ao contrário, parece que eles ficam mais animados.  A Oxitec – Oxford Insect Technologies – entrou no combate. Escolheu a cidade de Juazeiro, na Bahia, para as experiências.  Ela criou o macho trangênico do aedes. Produz mosquitos geneticamente modificados. As fêmas obtidas no processo são mortas. E os machos ganham a liberdade. Vão fecundar novas fêmeas, cuja descendência morrerá antes de aprender voar. Vem dando certo. As amostras recentemente colhidas constataram a presença de 85% aedes transmodificados dentre os existentes naquele município. 




“Acho que vi um passarinho. Vi sim! Se vi!” Parece coisa de história em quadrinhos, coisa de criança, mas, no duro mesmo, era a fala do futuro presidente da Venezuela, diante da TV. Por ironia das coisas, ele se  chama Maduro. É pra isso que prestam as eleições.  Cabeças razoavelmente equilibradas ajudarão a eleger para presidente do seu país um homem que vai à televisão e diz: “Chavez esteve em Caracas, como um passarinho.” Tivera algum alpiste à mão, ou uma meia banda de laranja, teria lhe feito um agrado. Mas não faltou chance: acompanhou com assovio o seu canoro pipilar. Era o Hugo Chavez que no trigésimo dia ressurgia dos mortos para orientar os vivos. Os muito vivos! Só Dilma Rousseff explica uma coisa dessas. Há pouco, no Nordeste, ela afirmava que nas eleições “a gente faz o diabo.”