O Jornal Aqui não gosta de mim. Isto não impede que eu
lhes deseje um ano de muita paz e, sobretudo, que eles fiquem livres do
Prefeito, de uma vez por todas. Até coloquei isto nas minhas orações. Deve ser
mesmo muito dura esta vida de transformar em gols de placa os pontapés que Sua
Excelência dá para o alto. Até evito ler o jornal porque morro de pena desses
meninos. Tão novos e com esse fardo. Mas é só encontrar com o Ananás,
ferrou. Ele lê todos os jornais. Chega a formar duas, três opiniões de um mesmo
fato. Encontrei-o na Av. Amaral Peixoto. Vínhamos na mesma calçada. Tentei
atravessar mas não houve tempo. Ele, embora apressado, forçou-me uma audição de
cinco minutos. E despejou-me a novidade como quem fizesse um comício: O Governo
Municipal recebera uma comenda do Aqui – o “Jacaré do Bem.” Teria sido
resolvido o problema da saúde, no município? O abastecimento de água? O PCCS do
funcionalismo? A coleta de lixo? Não. Não era nada disto. É que um certo
secretário municipal, Jessé de Hollanda Cordeiro, conseguira vender um terreno
municipal para um grupo de empresários. Disse que foi tanta a grana que cobriu
a folha de pagamento do mês de dezembro. Isto lhe encheu os olhos do Ananás, que é
muito conhecido como Aquela Besta. Ele teve uma idéia brilhante: Tomar os
terrenos que a CSN tem na cidade e entregá-los a esse Jessé. Aí, tá meia
encaminhada a coisa. Já está até lhe providenciando o Registro CRECI.
Caro
Elson,
Quando
falava de você, eu tinha boas lembranças de nossos tempos no MDB e nele de luta
contra a ditadura. Lembro também de minha grande amiga e companheira Eloá Jane,
ligada a muitos companheiros do PCB, de Sylvestre Rosa, democrata acima de tudo
. E, aí, causou-me estranheza o seu discurso anticomunista feroz contra um
jovem que ainda mantém a luta pelas suas utopias, que se indigna contra as
atrocidades que contra nós foram cometidas, durante os anos duros, e que cobra
hoje o não tapete para aqueles defendem e concordam com o estado de exceção e
de permanente caça à esquerda.
Espero
que eu tenha interpretado errado o que li.
Abraços,
Marlene
Fernandes
28
de dezembro de 2012 12:49
Cara
Marlene,
Também me lembro de você, claro,
daqueles tempos do antigo MDB, cujo adversário era a finada ARENA. Levou, com
ela, o Partido Comunista. Que Deus os
tenha! Neste mundo, vasto mundo, o
comunismo existe, apenas, em cinco países - Laos, Coréia do Norte, China, Cuba
e Vietnam - e nas cabeças de meia dúzia
de brasileiros. A do Adelson Alves Vidal é uma delas. Não são bons exemplos a seguir. Depois do
discurso de Krushev, da invasão da Hungria, do massacre na Praça da Paz
Celestial, a debanda foi geral. E, no entanto, eram todos irmãos na mesma fé.
Credo! Mas eu quero mesmo é falar de Volta Redonda. Nós, de fato, combatíamos a
ditadura. Tudo providencialmente dividido. A Turma do Bem, de um lado; a Turma
do Mal do outro. Nós éramos do MDB, do Bem; eles eram da ARENA, do Mal. Céu e
Inferno. Quanta ilusão! Quanta burrice! A gente pegava as fotos do Iran
Natividade, do Pedro Magalhães, do Macedinho, do Gibraltar... colocávamos
chifrinhos, aumentávamos seus caninos e lhe botávamos um tridente nas suas
mãos. Chagas Freitas e Amaral Peixoto eram as nossas lideranças... Depois, cá
pra nós, nossas brigas mais ferozes eram com as gentes do nosso próprio grupo:
as sublegendas - MDB1, MDB2 e MDB3. Muitos
pegas mesmo! Mas tudo dentro de certos limites. Nunca soube de ninguém matando
ninguém, lá. Pelo contrário, até nos confraternizávamos em divertidos
churrascos. Eu continuo assim. Não faço política como quem faz duelo. Não tramo
a eliminação dos meus adversários. Você, entretanto, me considera feroz. Não. Trato esse pessoal
como eles entendem. O Adelson Alves Vidal juntou um bando de iguais para
insultarem um grupo de quatro homens reunidos na Câmara Municipal. Não vejo
nenhuma virtude nisto. Idéias se combate com idéias; não é com espingarda. O
Adelson é professor universitário, pós-graduado em História Contemporânea. Você,
entretanto, o explica como um jovem
abraçado a sua utopia. É. Pode ser. Os jovens estão com a força toda. No outro
dia um deles falou para o pai: “Cala a boca ou eu te parto a cara”. O pai se
calou e lhe deu de presente o carro, fruto da discórdia. É... como há mendigos
profissionais, o Adelson pode ter feito da juventude profissão. Só que seria um
jovem agarrado à distopia; nunca a utopia. Ele está mais para o Admirável Mundo
Novo de Huxley do que a Utopia de Tomas Morus. Abraços.
Um estudante resiste o avanço dos tanques, na Praça Celestial da Paz |
Um comentário:
Esse episódio da Paz celestial não foi massacre. O wikileaks mostrou que a polícia nem sequer estava armada. Foi uma tentativa de apoiar um golpe ao estilo da Romênia na China, mas felizmente fracassou.
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