quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

EDIÇÃO EXTRAORDINÁRIA



O Jornal Aqui não gosta de mim. Isto não impede que eu lhes deseje um ano de muita paz e, sobretudo, que eles fiquem livres do Prefeito, de uma vez por todas. Até coloquei isto nas minhas orações. Deve ser mesmo muito dura esta vida de transformar em gols de placa os pontapés que Sua Excelência dá para o alto. Até evito ler o jornal porque morro de pena desses meninos. Tão novos e com esse fardo.  Mas é só encontrar com o Ananás, ferrou. Ele lê todos os jornais. Chega a formar duas, três opiniões de um mesmo fato. Encontrei-o na Av. Amaral Peixoto. Vínhamos na mesma calçada. Tentei atravessar mas não houve tempo. Ele, embora apressado, forçou-me uma audição de cinco minutos. E despejou-me a novidade como quem fizesse um comício: O Governo Municipal recebera uma comenda do Aqui – o “Jacaré do Bem.”  Teria sido resolvido o problema da saúde, no município? O abastecimento de água? O PCCS do funcionalismo? A coleta de lixo? Não. Não era nada disto. É que um certo secretário municipal, Jessé de Hollanda Cordeiro, conseguira vender um terreno municipal para um grupo de empresários. Disse que foi tanta a grana que cobriu a folha de pagamento do mês de dezembro. Isto lhe encheu os olhos do Ananás, que é muito conhecido como Aquela Besta. Ele teve uma idéia brilhante: Tomar os terrenos que a CSN tem na cidade e entregá-los a esse Jessé. Aí, tá meia encaminhada a coisa. Já está até lhe providenciando o Registro CRECI.



Caro Elson,
Quando falava de você, eu tinha boas lembranças de nossos tempos no MDB e nele de luta contra a ditadura. Lembro também de minha grande amiga e companheira Eloá Jane, ligada a muitos companheiros do PCB, de Sylvestre Rosa, democrata acima de tudo . E, aí, causou-me estranheza o seu discurso anticomunista feroz contra um jovem que ainda mantém a luta pelas suas utopias, que se indigna contra as atrocidades que contra nós foram cometidas, durante os anos duros, e que cobra hoje o não tapete para aqueles defendem e concordam com o estado de exceção e de permanente caça à esquerda.
Espero que eu tenha interpretado errado o que li.
Abraços,
Marlene Fernandes
28 de dezembro de 2012 12:49

Cara Marlene,



         Também me lembro de você, claro, daqueles tempos do antigo MDB, cujo adversário era a finada ARENA. Levou, com ela, o Partido Comunista.  Que Deus os tenha!  Neste mundo, vasto mundo, o comunismo existe, apenas, em cinco países - Laos, Coréia do Norte, China, Cuba e Vietnam  - e nas cabeças de meia dúzia de brasileiros. A do Adelson Alves Vidal é uma delas.  Não são bons exemplos a seguir. Depois do discurso de Krushev, da invasão da Hungria, do massacre na Praça da Paz Celestial, a debanda foi geral. E, no entanto, eram todos irmãos na mesma fé. Credo! Mas eu quero mesmo é falar de Volta Redonda. Nós, de fato, combatíamos a ditadura. Tudo providencialmente dividido. A Turma do Bem, de um lado; a Turma do Mal do outro. Nós éramos do MDB, do Bem; eles eram da ARENA, do Mal. Céu e Inferno. Quanta ilusão! Quanta burrice! A gente pegava as fotos do Iran Natividade, do Pedro Magalhães, do Macedinho, do Gibraltar... colocávamos chifrinhos, aumentávamos seus caninos e lhe botávamos um tridente nas suas mãos. Chagas Freitas e Amaral Peixoto eram as nossas lideranças... Depois, cá pra nós, nossas brigas mais ferozes eram com as gentes do nosso próprio grupo: as sublegendas - MDB1, MDB2 e MDB3.  Muitos pegas mesmo! Mas tudo dentro de certos limites. Nunca soube de ninguém matando ninguém, lá. Pelo contrário, até nos confraternizávamos em divertidos churrascos. Eu continuo assim. Não faço política como quem faz duelo. Não tramo a eliminação dos meus adversários. Você, entretanto,  me considera feroz. Não. Trato esse pessoal como eles entendem. O Adelson Alves Vidal juntou um bando de iguais para insultarem um grupo de quatro homens reunidos na Câmara Municipal. Não vejo nenhuma virtude nisto. Idéias se combate com idéias; não é com espingarda. O Adelson é professor universitário, pós-graduado em História Contemporânea. Você, entretanto,  o explica como um jovem abraçado a sua utopia. É. Pode ser. Os jovens estão com a força toda. No outro dia um deles falou para o pai: “Cala a boca ou eu te parto a cara”. O pai se calou e lhe deu de presente o carro, fruto da discórdia. É... como há mendigos profissionais, o Adelson pode ter feito da juventude profissão. Só que seria um jovem agarrado à distopia; nunca a utopia. Ele está mais para o Admirável Mundo Novo de Huxley do que a Utopia de Tomas Morus. Abraços.   



Um estudante resiste o avanço dos tanques,
na Praça Celestial da Paz


Um comentário:

Revistacidadesol disse...

Esse episódio da Paz celestial não foi massacre. O wikileaks mostrou que a polícia nem sequer estava armada. Foi uma tentativa de apoiar um golpe ao estilo da Romênia na China, mas felizmente fracassou.