Nilton Almeida deu uma pedrada no Jango. Mirou bem no quengo. Não se sabe se acertou. Algum caça-talentos, é provável, valorizou-lhe o gesto e viu ali um promissor guerrilheiro. Acolheu-o sob suas asas parvas e começou a lhe enfiar minhocas na cabeça. Tres ou quatro anos depois o nosso Nilton já estava desempregado e morando na França: “Mesmo estando só eu me sinto feliz/ Larará / cantando a canção que embala Paris/ sob este céu azul…” Um dia, porém, Au revoir, Cidade Luz. Chegou a hora de voltar para casa. Foi bom o retorno. A pátria o devolveu-lhe o emprego e deu-lhe uns bons trocados à guisa de indenização por relevantes serviços prestados à democracia. Veio pra Volta Redonda, de mala e cuia. Casou-se e, pelo que sei, foi visto recentemente atirando pedras em pombos com seus netinhos. Não sei o pensam. Com o casal Colombo e Jessie Jane o buraco foi mais embaixo. No dia 1 de julho de 1970, Colombo com uma pistola escondida na bota, Jessie Jane com armas por baixo da roupa simulando gravidez e mais dois companheiros de fé, Fernando e Eraldo, tentaram sequestrar um Caravelle, no Galeão. Deu errado, mas deu certo. Ou vice-versa conforme seja a perspectiva. Ele foi para a Ilha Grande e ela pro Talavera, Bangu. Logo, logo passaram a se encontrar semanalmente. Um dia, o Sol da Liberdade em raios fúlgidos brilhou, de novo, para eles. Eles Vieram para Volta Redonda. Aí, veio a mão estendida do bispo Waldir Calheiros, a mão do Sindicato dos Metalúrgicos, a mão da Prefeitura Municipal. E o governador Leonel Brisola, que sabia das coisas, tornou-se seu benfeitor também. Receberam indenização ele e a mulher. Pleitearam indenização também para a filha nascida em 1976. A prisão fora em 1970, mas nada de miséria. A pátria é generosa, rica e bondosa. Eram tantos os pedidos de indenização... Só na família do Colombo eram 14 e foram concedidos 7: Marido, mulher, a sogra dele, a sogra dela, dois irmãos e um cunhado. Todos por relevantes serviços prestados à democracia. Era tanta a grana que rendia que Millor Fernandes criou a frase lapidar: “Eu pensei que era ideologia, mas era investimento”. Chico Buarque pensou responder-lhe, socando-lhe um murro. Que gente desprezível esta! Agora, por imensa dificuldade de aprendizagem estão nos levando a repetir a mesma lição. Muitos desses que foram presos/soltos/indenizados estão presos de novo. E já pleiteiam liberdade. Não tardarão pedir indenização. É preciso acabar com esse ciclo. Há sócios de um clube aqui que entendem ser melhor irmos convivendo com este governo de gangsters do que pormos a perder essa tão custosa democracia. Que democracia? Democracia pressupõe ordem, instituições fortes e povo organizado. O que se vê, entretanto, como disse o Mestre Jucá é uma imensa suruba. Eu, sinceramente, se os bandidos fossem menores, até concordaria em chamar a polícia, mas do jeito que está é só intervenção militar, que tem o dever de defender os poderes constitucionais.
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