MENINOS, EU VI!
Um velho
Timbira, coberto de glória,
Guardou a
memória
Do moço
guerreiro, do velho Tupi!
E à noite,
nas tabas, se alguém duvidava
Do que ele
contava,
Dizia
prudente: - "Meninos, eu vi!
Gonçalves Dias
A Câmara Municipal de Volta
Redonda publica pomposos convites para suas sessões deliberativas. Páginas
inteiras. É muita coragem! Não sei porque fazem isso, com a gente. O povo vai
lá e o espetáculo não compensa. Talvez a Câmara só pretenda agradar aos
jornais. E é possível que agradem. Vou perguntar ao Luis Alfredo do jornal Aqui,
como é que é esse negócio. Debaixo desse angu tem carne. E ele sabe das coisas.
Quem não manja nada disso é o Jonas Martins, Prefeito de Barra Mansa. Custa-lhe
entender certas coisas. Acho que seria bom ele ouvir o mulato Dorival Caymmi “com
qualquer dez mil réis se faz um vatapá”. É isto mesmo. Fica barato.
***
Fiz um teste. Na semana passada,
fui à câmara municipal. Confesso que aquela casa já foi melhor. Tá tão ruim que
eu tive que dar razão ao Vereador Baixinho do Estádio. Ele reclamou muito de um
fedor local. Ficou brabo. Disse que ia fazer seguro de vida, o escambáu. A Mesa
contornou o caso mais ou menos botando a culpa no carpete. Disse que era de lá
que vinha catinga. Eu acho que não. Não parou por aí. O Vereador Fernando
Martins interrompeu a discussão sobre aluguel de frota pela Prefeitura, e pediu
pra mudar de carteira. Queria era se sentar ao lado do coleguinha Pedro Magalhães.
O presidente concordou: “Pode sim, mas leve seus cadernos e lápis de uma vez.”
***
E no entanto, aquilo ali já foi
palco de discussões sérias. Um dia mesmo eu vi um vereador socar a cara do
outro com um murraço. E o agredido, com o punho cerrado para o alto, “V. Excia
tem que respeitar a minha excelência!” Agora, mudou tudo. O Prefeito precisava
de um menino para candear aquela manada, que de uma hora para outra podia
estourar. Aí, surgiu o Zezinho da Ética que ainda tinha a vantagem de trazer a
igreja a tiracolo. Nas mensagens polêmicas, aumentava a venda de narizes de
palhaços e línguas de sogra no mercado. Era o efeito do pelotão da Ética que se
paramentava para o confronto. Negócio sério. E quando não conseguia se impor, Zezinho
recorria ao Ministério Público. Assim, ele veio se impondo e se tornou
respeitável. Respeitabilíssimo! Terminou conhecido como o caveirão do
legislativo. Trabalhou muito. Agora, com a América Teresa, na presidência, ele
se dá ao luxo de tomar água de coco numa beira de praia.
***
Até domingo