quarta-feira, 2 de abril de 2014

VOU TE CONTAR




Fui à Câmara Municipal. Paguei meus pecados. Para eles aquilo é uma festa. Fiquei quase duas horas lá vendo um vereador chamar o outro de excelência. É coisa do Regimento Interno da Casa. Há muito exagero no seu uso. Houve um vereador nosso, o Parente, que se sentindo ofendido no plenário falou para o seu suposto ofensor: "Vossa Excelência ofendeu a minha Excelência!" O Parente era assim. Deus que o tenha em bom lugar que ele era gente boa. Mas eu estava dizendo mesmo é da Câmara Municipal da semana passada. Voltemos a ela. A Casa estava engalanada porque ia receber as mulheres destaques da sociedade. Era uma festa dos vereadores, uma invenção do Vereador Adão Henrique. Ele criou o dia da "Mulher Participativa", uma espécie de dia móvel da mulher. Pode cair no dia 8, no dia 9... ou, conforme a necessidade, cair duas ou tres vezes no mesmo ano. As homenageadas levam sempre familiares e os seus amigos.  E juntou gente! Muito mais do que a semi-final Flamengo X Cabofriense. O Ananás, que todos conhecem como Aquela Besta, fazia mirabolante raciocínio para multiplicar esses encontros. Até que lhe deu ocorreu o "estalo de Vieira": disse que ia falar com o Adão para criar também o dia do "Varão Participativo!" Vi, que nesse diapasão ele iria logo sugerir também a criação do dia do "Gay Participativo". Fechei-me em copas porque o Ananás é o maior aproveitador das péssimas idéias. E, depois, não dá certo uma sociedade dividida assim em fatias como uma pizza. Uma lei contra a violência, elimina todo esse lixo de proteção ao negro, proteção ao idoso, proteção a mulher, proteção a criança... Mas a moda tá pegando e arrasta até ministros. Leio no blog do Sérgio Boechat que o Ministro Marco Aurélio pensa assim: "Todo poder à mulher e a esperança de um Brasil mais equilibrado". Ledo engano. Exagero dele. Taí a Ângela Guadagnim, por exemplo. Chegou lá  e o muito que fez foi criar a coreografia do mensalão.


"Adorei a revolução no Brasil. Não houve morte, nem tiro". Foi como Brigitte Bardot tratou aquele 31 de março. E eu acrescento, faltou também a guilhotina, a Bastilha e a Maria Antonieta, embora tivéssemos uma Maria Teresa. A nossa revolução foi, enfim, quase um dia como os outros. Incrível! Era uma nova Batalha de Itararé, a guerra sem tiros, sem sangue e até mesmo sem palavrões. Apenas amistosas saudações. O dia da Revolução de 64 foi uma grata surpresa, apesar do tom ameaçador que havia no ar. Há muito vinham todos se preparando para o confronto. A Revolução Cubana se dera em 1959 conquistava admiradores pela América Latina. Aquelas filas enormes aguardando a vez para serem fuziladas no paredon enchia os olhos de muita gente. Brisola chegou até a fazer sua lista de condenados. Havia um culto aos cubanos. Um dos seus assassinos mais cruéis, Ché guevara, foi condecorado no Brasil. Sua figura servia para estampar camisetas e flâmulas de jovens e orientar o sonho de marmanjões. Muitos deles iam à Cuba aprender com o Fidel como estourar crânios de adversários. Voltavam ungidos, com dinheiro e armados. Alexina Lins Crespo de Paula, mulher de Francisco Julião, era uma das mulas que trazia armas de lá para os guerrilheiros da Liga Camponesa. Devia trazer da China também, mas isto não ficou claro na sua entrevista a O Globo. As reformas viriam na lei ou na marra. Era seu hino. Cá em Volta Redonda, vi peão gritar para diretor da empresa : "A sua casa vai ser minha e o seu carro também." Lima Neto, João Alves dos Santos Lima Neto, prometeu dependurar a cabeça do Engenheiro Helio Motta Haidt num poste em frente à Passagem Superior. Mas, na hora H, nada disto se deu. Ainda bem. Luis Carlos Prestes fugiu tão rápido que se esqueceu de uma pasta com os nomes, endereços, CEPs e retratos 3X4 dos companheiros. E Brisola, foi outro. Deixou os arquivos dos grupos dos onze. Os cabecinhas perderam a diligência e ficaram por aqui querendo brincar de mocinho. Mas no dia foi só isto. Um menino, vizinho meu, falou que ia lá na Avenida Amaral Peixoto vê a revolução. A mãe dele respondeu: "Vai, mas não demora que hoje tem escola".  




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