“De pé contra a parede, filho da puta!!!” É Mark Rudd, latindo grosso
contra um professor, na Universidade de Berkeley, 1962. Ele lidera o grupo de
universitários que tomou o campus e faz dali o seu bunker. Nas rondas
sistemáticas, de vez em quando, esbarram com um suspeito que é conduzido aos
empurrões para interpelação e revista. E, se julgarem necessário, chegarão ao
espancamento. Não tem essa, não! Seja professor, diretor ou qualquer outra
pessoa o pau come. Rudd era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling
Stones. Seus professores lhe tiraram esse romantismo da cabeça e preparam-lhe
as mãos para um instrumento que sempre dá a mesma nota ra-ta-tá. Ele vem
progredindo. Agora, já tem a clareza que a violência, às vezes, é necessária.
Tudo depende. Na sua galeria de ídolos estava Guevara, Fidel, Stalin, Trotsky, Ho
Chi Min, Le Pot... e ele, modestamente, se incluía ali embora tivesse rachado tão
poucos crânios ainda. Rudd, isto ele podia afirmar, era um esquerdista com
muito orgulho. Um esquerdista como seus ídolos. Que não se vá, portanto, em
respeito à sua memória, confundi-lo com um fascista. Uma coisa é uma coisa;
outra coisa é outra coisa já o dizem os compêndios escolares. Mas, honra seja
feita, os fascistas também não eram bolinho, não. No dia 27 de julho de 1922
eles tomaram as ruas de Roma. E aí foi aquela montoeira de ossos quebrados,
cabeças partidas, espancamentos, fuzilamentos, pavimentando o caminho. Tomaram
o Estado, fecharam os jornais, acabaram com os partidos políticos e legalizaram
a pena de morte. É. Os fascistas também racham cabeças, quebram braços e
pernas, fuzilam, formam grupos de capangas para todos os fins. Tinham uma
excelente tropa de choque – os Camisas Negras – que dava preferência ao
porrete. A Alemanha também não ficava pra trás. Logo, logo os nazistas
perceberam que a retórica sozinha não os levaria ao poder, não. Também precisavam
de instrumentos especiais para abrir as muitas cabeças recalcitrantes pelo
caminho. Assim, nasceu uma nova ala do partido a que se chamou Proteção ao
Recinto. Tudo uniformizado direitinho com camisas e calças curtas, botas de
cano alto, bonés e os indefectíveis porretes na mão. Não falhavam mesmo! Ernst
Rohm, co-fundador das SA – tropas de arruaceiros – adorava aquele jeito de
fazer política. E, agora, tem essa gente aqui no Brasil pensando que inventam a
roda. Fizeram uma arruaça a que chamaram de greve. Ruas, pontes e barcas bloqueados...
Black Bocks depedrando e incendiando ônibus e vidraças. Passageiros espancados
brutalmente no Aeroporto Santos Dumont... Não sei como chamá-los. Comunistas?
Fascistas? Nazistas? Sinceramente, não sei. Sei apenas que são pessoas do outro
século.
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