sexta-feira, 4 de março de 2011

CHOCADEIRA MUNICIPAL DA DENGUE

Chocadeira de Aedis, na Ilha São João


Volta Redonda. O Prefeito Neto, nas suas noites de insônia, não conta carneirinhos, nem o que prometeu e não cumpriu; ele pega o jornal Foco Regional que melhor tranquilizante não há. E o lê até lhe pesarem as pálpebras, agradecido. Eh, vida! É como dizia o ex-Presidente Arthur da Costa e Silva : "Eu não sei nada, nada de liberdade de imprensa. O que eu gosto mesmo é de elogio".  E, convenhamos, tem gente que sabe fazê-lo muito bem. Elogiar é uma arte, como o é o ofício do batedor carteiras. Há, entretanto, uns amadores soltos por aí. Parece que era bem este o caso daquela inacreditável pesquisa depois das eleições. Dizem deu 108% de aprovação popular para o Prefeito. Aí, o Neto sorriu e agradeu dizendo que aquilo não podia, que tinha que ir no máximo a 100%, mas ele ainda achava exagero. O Neto é modesto.  Aí o dono do instituto respondera que dava sim é que muita gente tinha votado várias vezes. Que um dos entrevistados tinha votado 1200 vezes.  Aí, o Prefeito sorriu de novo e falou mesmo assim: "Deve ser o Zezinho da Ética. Ou, então, o Franklin, nosso funcionário aqui". Um assessor ao lado falou - "Pode ser o Foco Regional, também!" Aí, o prefeito riu de balançar-se na cadeira. E respondeu "Como vou saber agora? É tanta gente que gosta de mim. Não dá nem para contar nos dedos". Mas eu queria mesmo é falar do Foco Regional. O caso da dengue, por exemplo, o jornal põe toda a culpa nas residências. Ele não vê os tantos empoçamentos nos lugares públicos. Não vê os milhares de copos descartáveis amontoados pelos cantos lá na Ilha São João e nem suas poças cimentadas. E se ele não o vê, a Secretaria do Meio Ambiente também não vê. É por isso que eles falam - "mesmo uma tampinha de cerveja já é perigoso". E publica fotos do pessoal do meio ambiente ouvindo a conversa.





José de Paula Neto, Netinho, atende por pagodeiro, umas vezes e, por outras como vereador. Pelo que diz a CGU, ele pode ser também chamado de peculador. Mas este nome ele não aceita, nem atende. Quando alguém liga pra ele e pergunta se o peculador está, ele fica brabo. Só não xinga a mãe porque pensa que pode ser a CGU ou a Polícia Federal. Há mais de sete anos estão cobrando onde é que ele enfiou o dinheiro recebido para obras sociais. É que o Netinho tinha se comprometido com a construção de núcleos esportivos para 1 300 crianças e adolescentes de Carapicuiba, seu curral eleitoral. Recebeu a grana e não construiu nada. Aí, o governo quer o dinheiro de volta. Vai continuar querendo. Diz que é R$ 1 milhão. Coitado do Netinho. Agora, até a Corregedoria da Câmara Municipal quer saber o que que ele fez com os R$ 184 725 anuais que ele recebe para gastos sociais. Dizem que ele apresentou um monte de notas fiscais todas fajutas. Para os seus eleitores ele diz "Não sou bandido e serei prefeito dessa cidade, quer queiram, quer não". É. Ele sonha virar prefeito. Ou no mínimo, no mínimo, no mínimo... Vice prefeito. Diz que compõe chapa com qualquer um para chegar lá. Tanto faz que seja Deus ou o Diabo. Ou mesmo o Chalita, esse que às vezes é Deus e às vezes é o diabo e às vezes não é absolutamente nada. Eu, cá da minha parte, não faço pouco caso do moço. Sei como são essas coisas. No ano passado, ele e Marta Suplicy saíram para senadores pela mesma coligação. Ele tinha coberto a esposa de porradas e ela, a Marta, uma intransigente defensora da Mulher. No entanto, os dois andaram até de braços dados na campanha e acredito que tenham trocado muitas palavras de carinho.



Círculo encontrado em Upuaçu
foto: Revista Isto é


Upuaçu é uma cidade de Santa Catarina, com 6000 habitantes. Tem mais turistas que visitantes. Agora, o que mais acontece é de um morador topar com um desconhecido na cidade. Tem até hotel. E o seu povo nem comenta mais as novidades na esquina. Novidade das grandes eles viveram em 2008. Desde os anos 70s já se contava que lá para as bandas da Europa estavam aparecendo uns círculos traçados no chão. Eram os tais crop circle (circulos desenhados em área de colheita). E muito se dizia e diz que aquilo era coisa de extraterrestre. Mas havia e há daqueles que querem enfiar o dedo nas chagas pra ver se é verdade mesmo. Sem dar importância a um nem a outro, os círculos continuaram aparecendo aqui e ali e, não raro, repetindo o local. Vai que um dia chegou a vez do Brasil, justamente lá em Upuaçu, onde TV a cores ainda era novidade. E, da mesma forma que no resto do mundo, lá os círculos apareceram da noite para o dia. De tardezinha não tinha nada; de manhã lá estava o crop circle. Esse enigma torna o acontecimento mais  envolvente. Não se fala que o povo na cidade está com medo, fala-se apenas que tem muita gente ganhando mais dinheiro.

Dilma Rousseff
Foto: O Estado de São Paulo


Para garantir o reajuste do Bolsa Família Dilma Rousseff cortou recursos de ações sociais para jovens e mulheres. Cerca de R$ 340 milhões foram remanejados. Embora Dilma tenha apontado prioridades para políticas voltadas para jovens e mulheres, na campanha. Ainda assim, a medida aumentou em R$ 2,1 bilhões os gastos previstos no Orçamento deste ano, um dia depois de a equipe econômica ter feito um corte de  R$ 53,5 bilhões nas suas despesas. O  Programa de Erradicação do Trabalho Infantil perdeu R$ 27,6 milhões. Na ação destinada a "assegurar proteção imediata e atendimento psicossocial a crianças e adolescentes vítimas de violência, abuso ou exploração sexual", a redução foi de R$ 6,2 milhões. O Programa de Promoção da Inclusão Produtiva, principal "porta de saída" para os beneficiários do Bolsa Família, também foi parcialmente sacrificado e perdeu 10%.


VERSOS
         Os versos abaixo foram escritos em homenagem ao meu amigo Eloy Alves Marcondes, funcionário da CEDAE, em Piraí. Ele também possui o seu blog : democracia-nossa.blogspot.com e podia estar comigo nesta mastodôntica campanha de derrubar prefeito. Tem tantos prefeitos por aí... Eu da minha parte quero derrubar o Neto. Com essa minha espingardinha de rolha todo o dia vou ao meu parque de diversão e fico tentando. O Neto é aquele patinho que passa correndo lá no fundo da barraca. Eu acerto o tiro, ele balança e não cai. Tem gente que grita "Puxa vida! Quase, sô! Capricha mais!" O dono da barraca gosta muito quando eu vou lá, porque junta gente pra daná pra ver o Neto cair. O Eloy conseguiria fazê-lo... a espingarda dele não é de rolha não, como se há de ver pelos versos abaixo:


Da esquerda para a direita: Juvenil, Michele e
Eloy Alves Marcondes

Fanfarronices de um Falcoense
Vim das bandas de Falcão
Vivo, agora, em Piraí.
De inimigo nunca fugi
Não adio confusão.
Sem nenhuma pretensão,
Ninguém piso onde eu piso;
nem cobra sacode guizo.
Nas pelejas vou com tudo
Pra brigar roupa não mudo
Pra matar não mando aviso.

Problema não minimizo
Nas pelejas vou com tudo
Pra brigar roupa não mudo
Pra matar não mando aviso

Pra ladrão, tenho cadeia,
pra mulher tenho carinho,
pra sonhar eu tenho vinho,
pra deitar eu tenho areia,
pra valente cara feia.
Nunca fico indeciso.
Mesmo quando eu perco o siso
Nas pelejas vou com tudo.
Pra brigar, roupa não mudo.
Pra matar não mando aviso.

Problema não minimizo
Nas pelejas vou com tudo
Pra brigar roupa não mudo
Pra matar não mando aviso

Quando falo, falo grosso!
Não fico de nhem-nhem-nhem!
Nunca perdôo ninguém.
Se insiste quebro o pescoço.
como a carne, rôo o osso.
Um jantar eu improviso.
Não carrego prejuízo.
Nas pelejas vou com tudo.
Pra brigar roupa não mudo.
Pra matar não mando aviso.

Problema não minimizo
Nas pelejas vou com tudo
Pra brigar roupa não mudo
Pra matar não mando aviso

Tenho rifle, tenho faca
Mas disso não faço abuso.
Com os cabras que eu cruzo,
Rosolvo loco a inhaca.
Quando estou com a macaca,
Não me responsabilizo.
Dou tapa, chuto e piso.
Nas pelejas vou com tudo.
Pra brigar roupa não mudo
Pra matar não mando aviso

Problema não minimizo
Nas pelejas vou com tudo
Pra brigar roupa não mudo
Pra matar não mando aviso

Deus me fez, assim, valente
Para endireitar este mundo.
Na reforma vou bem fundo
Não escapa bicho nem gente.
Nem saudável, nem doente
Nem sábio nem sem juízo
Inimigo não diviso
Nas pelejas vou com tudo
Pra brigar roupa não mudo
Pra matar não mando aviso.

Problema não minimizo
Nas pelejas vou com tudo
Pra brigar roupa não mudo
Pra matar não mando aviso

Cada um tem quem o dome.
O atacante seu zagueiro
Cada touro o seu toureiro
Cada mulher o seu homem.
Só a mim, nada consome.
Eu não me escravizo
Pra escapar sou muito liso.
Nas pelejas  vou com tudo
Pra brigar roupa não mudo
Pra matar não mando aviso.

Problema não minimizo
Nas pelejas vou com tudo
Pra brigar roupa não mudo
Pra matar não mando aviso

Sou caboclo esquentado.
Numa briga no Varjão,
Fiz correr um capitão.
E nem falo dos soldados
Talvez uns cem arriados.
Mas não os contabilizo
Coisa pouca não preciso
Nas pelejas  vou com tudo
Pra brigar roupa não mudo
Pra matar não mando aviso.

Problema não minimizo
Nas pelejas vou com tudo
Pra brigar roupa não mudo
Pra matar não mando aviso


Auto de continuação de perguntas feitas ao Alferes Joaquim José da Silva Xavier. 
  (Segundo depoimento)




            Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil setecentos e oitenta e nove, aos vinte e sete do mês de maio, nesta cidade do Rio de Janeiro nesta Fortaleza da Ilha das Cobras, aonde foi vindo o Desembargador José Pedro machado Coelho Torres comigo Marcelino Pereira Cleto, Ouvidor, e Corregedor desta Comarca, e Escrivão nomeado para esta devassa para o efeito de continuar estas perguntas, e sendo aí mandou vir à sua presença o Alferes Joaquim José da Silva Xavier, ao qual sendo presente continuou as perguntas na forma seguinte: E eu Marcelino Pereira Cleto, Ouvidor, e Corregedor da Comarca, Escrivão nomeado para esta devassa o escrevi. E, sendo-lhe lidas as perguntas, que se lhe haviam feito, e perguntando-se-lhe se eram às mesmas, e de novo as ratificava. Respondeu, que eram as mesmas, e de novo as ratificava.
E sendo-lhe perguntado, se era verdade ter tido a conversação com o ajudante João José Nunes Carneiro, conforme ele declara no seu juramento.
Respondeu, que, fazendo reflexão sobre a conversação, que tinha tido com ele lhe lembrava ser verdade ter conversado com o dito ajudante sobre as matérias, que ele diz no seu juramento; porém que não fora com o ânimo, nem com o veneno que a dita testemunha se persuade, e se quer imputar a ele respondente; pois o modo porque falou nisso foi, dizendo, que o povo de Minas estava em desesperação, por lhe quererem lançar a derrama, e que era muito má política, o vexar os povos porque poderiam fazer, como fizeram os ingleses, muito principalmente se se chegassem a unir as Capitanias do Rio de Janeiro, e S. Paulo, e que se houvessem pessoas animosas poderiam até atacar o Ilustríssimo e Excelentíssimo Vice-Rei no seu palácio; mas que nada disto ele respondente disse, convidando a ninguém para que o fizesse, nem dizendo, que o queria fazer; mas tão-somente em matéria de conversação, referindo e considerando o perigo, e as conseqüências, que podiam seguir-se se não houvesse cuidado em contentar o povo, e que se ele acrescentou - se fossem animosas, como ele respondente, - foi por encarecer o seu ânimo, e por basófia, mas não porque intentasse tal coisa.
E sendo-lhe mais perguntado, se ele sabia quais eram as pessoas, que estavam dispostas para se levantarem no caso, que se lançasse, a derrama, ou ao menos quais eram as principais.
Respondeu, que geralmente todas as pessoas da maior até a mais pequena diziam, que se se pudesse a derrama, a não pagavam, e que saiam da Capitania; porém que ele respondente não sabia, que se houvessem de levantar com violência, nem que tivessem cabeças, ou capatazes para isso, a quem se acostassem.
E sendo-lhe instado, que dissesse a verdade, porquanto se sabia, que haviam cabeças no projeto do levante, e que tanto intentavam fazê-lo por força, que destinavam tirar a cabeça ao Ilustríssimo e Excelentíssimo Visconde, Governador, e Capitão General, e mais a outros, que não seguissem o partido.
Respondeu, que ele não sabia de cabeças algumas neste partido, nem de que se intentassem fazer os delitos das mortes que se diz, e só ouviu dizer ao Coronel Joaquim Silvério dos Reis, quando aqui chegou, falando ambos a respeito de Minas, e como estavam lá os negócios a respeito da derrama, referiu o dito coronel, que o povo estava impaciente, e que principalmente os que deviam à Fazenda Real, e disse que os que estavam mais levantados eram o Desembargador Thomás Antonio Gonzaga, o Coronel Ignacio José de Alvarega, o vigário de S. José, o Padre Carlos, e outros mais de que se não lembra.
E sendo instado, que dissesse a verdade, que bem mostrava faltar a ela; porque nas perguntas, que antecedentemente se lhe tinham feito, não declarou nada disto, antes absolutamente negou, e só disse a respeito de ter dito ao dito coronel - que vinha trabalhar para ele -, que fora expressão, que proferira à toa.
Respondeu, que então não dissera o que agora diz, porque não estava lembrado, e o que agora lhe sucede de se lembrar melhor é em razão de estar examinando com mais miudeza as conversações, que teve a este respeito.
E sendo mais perguntado, que visto ele ter examinado melhor as conversações, que tinha tido a respeito desta matéria, lhe havia de lembrar muito bem, o que disse a respeito de um soldado, que pretendia baixa, e se lastimava de a não ter conseguido, a que ele respondente saiu, dizendo, que era bem feito, visto que os cariocas eram uns vis, patifes, e fracos, que estavam sofrendo o jugo da Europa, podendo viver dela independentes, cujo dito ouviram Valentim Lopes da Cunha, e Jeronymo de Castro e Souza.
Respondeu que tal não dissera, e que somente usara da expressão, de que tivesse paciência, porque também eles em Minas sofriam o mesmo.
E sendo instado, que dissesse a verdade, e persistindo no mesmo, mandou o dito desembargador vir as testemunhas do número terceiro a folhas dezessete, Jeronymo de Castro e Souza, e a testemunha referida a folhas dezoito, Valentim Lopes da Cunha, e sendo perguntados na presença dele respondente para que referissem as palavras, que tinham ouvido, eles as referiram constantemente do mesmo modo, que tinham jurado, e sendo então perguntado ao respondente, que dizia àquilo, não se atreveu a negar, mas disse que lhe não lembrava de tal ter dito, que eles testemunhas poderiam estar mais certos disso; porém que ainda caso o dissesse, não era com o mau ânimo que se presume: e por este modo houve ele dito desembargador por agora estas perguntas por findas, e acabadas, dando o juramento ao respondente de haver falado verdade nelas pelo que respeitava a direito de terceiro, e assinou com o respondente, e testemunhas depois deste lhe ser lido, e o acharem na verdade, e assinou também o Tabelião José dos Santos Rodrigues e Araújo, que a tudo esteve presente, de que dou fé. E eu Marcelino Pereira Cleto, Ouvidor, e Corregedor desta Comarca, e Escrivão nomeado para esta devassa o escrevi, e assinei.

Torres
Marcelino Pereira Cleto
Joaquim José da Silva Xavier
Jeronymo de Castro e Souza
Valentin Lopes da Cunha

2 comentários:

Doralice Araújo disse...

Continuo fiel; leio, sorrio muito e recomendo a leitura dos seus textos, prezado Elson.

\0/ Abraço.

Eloy Marcondes disse...

Obrigado pela poesia, ou repente, sobretudo por descobrir em mim tanta valentia. Estou me sentindo o Lampião do asfalto.