quarta-feira, 11 de junho de 2014

NOTAS

           Ao estimado leitor,
            Pretendo, aos poucos, colocar este blog em dia. Aviso que nem o Lula, nem o Neto, nem o Zezinho da Ética tem nada a ver com esses atrasos. São contingências da vida que espero resolver aos poucos, como estou resolvendo. Aproveito para outras explicações. Um amigo. Eloy Marcondes, me sugeriu que fizesse um retrospecto do governo do PT. Achei interessante e devo fazê-lo em capítulos. Assim, se explica a segunda nota dessa postagem. Outros capítulos virão. A primeira nota é minha versão municipal do Lepo, Lepo. Nós também dançamos. Abraços

Neto, Neto

 
Ah... quase que prometeu chover
Tá todo enrolado
Com mandato cassado
Ah... Não tem pra onde correr
 
Tá sem deputado
Já lhe tomaram o cargo
Agora, é só mandar ele embora
 
Sai, sai, sai, sai, sai da cidade!
Sai o Prefeito e sai o vice
Mas sai de verdade!...
 
Ele não tem cargo
É só xaveco
Quem ficar com ele é só porque gosta
do seu
rá, rá, rá, rá, rá
Lepo, Lepo
É tão gostoso o colo do
rá, rá, rá, rá, rá
Neto, Neto
 

CAPÍTULO I

É NÓIS, AGORA!




O medo andava assustado naqueles dias. O Lula, Profeta de Garanhuns, bem avisara que a Esperança ia botar o medo para correr.  Xô Regina Duarte! Havia 13 anos que a Namoradinha do Brasil mostrara o seu pânico com aquela história do Lula Presidente do Brasil. Muita gente boa se solidarizou com o susto da moça. Ela era linda! Oito anos depois, veio a vez de Mário Amato, Presideente da FIESP – homem sisudo, vivido – mostrando medo também e que não estava sozinho. Disse que 800 mil empresários deixariam o Brasil, caso o PT ganhasse a eleição federal.  Mais outros quatro anos se passaram e a gente viu que cara feia, cara bonita adianta pouco e, às vezes não adianta nada. Luíz Inácio da Silva, se tornaria o nosso 39º presidente.
Muita coisa havia mudado. Muita mesmo! Agora tudo virou festa. Num palco Zezé de Camargo e Luciano, Fernanda Abreu, Zeca Pagodinho, Maria Betânia, Gilberto Gil, Bateria da Mangueira estavam afinadíssimos com o povo que cantava, gritava, dançava, pulava e aplaudia. E o delírio ainda mais cresceu quando o novo  presidente passou num Rolls Royce aberto, rumo ao parlatório. O automóvel ziguezagueava, no meio da multidão. A poucos metros dali, a faixa presidencial o aguardava e ele a vestiria sob o olhar emocionado de 120 mil pessoas. Uma platéia de Fla X Flu. Pra andar um pedacinho daquele levou o maior tempão. Às vezes, era parado pelas pessoas, e até pelo enguiço mecânico. E lá ia o carrinho. Getúlio Vargas o ganhara de presente da Rainha da Inglaterra em 1952. Estava fora de uso e teve que ser empurrado, no trajeto.
Aquilo mexia com o imaginário. Um homem trocando o piso sujo da fábrica pelo asséptico tapete do palácio era de uma simbologia vasta. Servia como bom exemplo para o capitalismo – o homem que se fez a si mesmo. O flagelado que chegou a presidente. Mas sob o olhar daquela gente na capital era um novo que nascia. Em cada olhar se via: “Agora, é nóis!” Tanta gente que sentara naquela cadeira – civis, militares, médicos, advogados, engenheiros... – e uma demanda popular foi só se acumulando. Agora, se ia ver uma coisa só.  Agora, seria uma enxurrada.
A Reforma Agrária era um desses exemplos. Na década de 1950 ela já aparecia em discursos políticos. Em 1962, Jango Goulart a encampou com tanta força que muita gente passou a pensar que a reforma agrária era uma invenção dele. Os comunistas já a haviam tentado e abandonado. Aqui, até o PSD, partido dos latifundiários,  a defendia e apresentara projeto para legalizá-la. E o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática), a colher-de-pau que o governo americano metia no Brasil, a promovia nos seus simpósios.
Havia, entretanto, um muro separando aquela gente toda. Era o Artigo 141, parágrafo 16 da Constituição: "É garantido o direito de propriedade, salvo caso de necessidade ou utilidade pública no Brasil. Ou por interesse social mediante prévia e justa indenização em dinheiro". A indenização a dinheiro era que pegava. A esquerda pensava diferente. João Pinheiro Neto, presidente da SUPRA, apresentou um  projeto ao governo: "Desapropriação 20km de cada lado das rodovias federais, das rodovias e rios navegáveis"  . No dia 13 de agosto de 64, Jango o assinou, no comício da Central. Foi aprovado pelo Congresso. Até aí morreu o Neves. Mas outros presidentes continuaram a idéia. Castelo Branco, por exemplo, criou o INCRA e o Estatuto da Terra e encaminhado um projeto de reforma agrária.

Havia, também, demandas impopulares esperando a vez. Fernando Henrique Cardoso promovera algumas delas. As mais pesadas foram as privatizações, que viraram seu epítome. É só falar em privatização que se lembra de FHC. Mas esse negócio de privatizar começou mesmo com o Collor de Melo. E, ao contrário do que muita gente pensa, foi Itamar Franco quem privatizou a CSN. FHC apesar da sua empáfia não fez tudo. Durante oito anos lutou para suspender a idade mínima da aposentadoria. Não o conseguiu. Esta reforma estava também na fila. 



 

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