D. Ceci era uma professora lá do
Conforto que tinha uma pedagogia muito própria. Não havia burrice humana que
resistisse aos seus traquejos. Eu me lembrei ontem dela quando o Neném soltou a
seguinte batatada: “Os vinte e um vereador está disposto...” Uma senhora que
estava ao meu lado abriu a boca de sustos e, em seguida, tampou muito bem
tampados os ouvidos com as mãos. E, se mais mãos tivesse, as sopreporia às
primeiras posto que seu susto fora grande. Imenso! Eu acho que ela tinha o
curso fundamental. Por muito menos, D. Ceci botou o Gilson, filho do guarda,
ajoelhado no milho. Cinco grãos para cada joelho. De nada lhe valeu ser filho
do guarda. Tá certo que com o Neném o caso é outro. Ele é amigo do Neto e o
Neto, como sabemos, não faz caso dessas coisas. Ah, já ia me esquecendo de falar
que o Neném é vereador. Não sei se você, caro leitor, já tinha notado isto.
Pois bem , com essa autoridade de amigo
do prefeito ele não vai se abaixar para as leis da sintaxe; passa por cima. Coitados
de nós os chamados distinto público. Um homem que é incapaz de unir o sujeito
com o predicado na oração é, et pour cause, muito menos capaz de unir uma frase
com a outra. Quiçá unir um dia com o outro! E este vereador quer ser deputado. Valha-nos Deus!
Há uma balança de atributos morais que
avalia comportamentos, na música, no teatro, no cinema, nos livros... Muita
gente, para fugir desses “caçadores morais” esconde seus pensamentos mais puras
como cobre as partes pudendas do próprio corpo. Segue o guia politicamente correto.
Talvez não seja este o caso do deputado Roberto Freire que, em debate na FOA se
mostrou alinhadíssimo com “o poder aos analfabetos”. Para ele os analfabetos da
sociedade tem que ter seus representantes eleitos. Portanto, analfabetos também.
Para ele os servidores, sim, é que devem ter uma excelente formação, se
possível até uma pós-graduação. Os subalternos com muito boa formação e os
superiores sem nenhuma. Não deixa de ser uma inversão na decantada pirâmide
social. Tenho muita dificuldade de entender comunistas. Não os acompanho nas
cabriolagens. O Vereador Russo, de Piraí, para mim, é mais claro.
No vigésimo quinto aniversário da nossa
constituição, o Vereador Russo despertou a sanha dos patrulheiros do politicamente
correto. Nem se tocaram que esse vereador está próximo, muito próximo do
vereador analfabeto. Não o perdoaram, sim, porque ele está longe, muito longe
do politicamente correto. Ele foi direto ao assunto. E foi um baita de um
disparate ele afirmar que mendigo devia virar comida de peixe. Mas, jogando-se
fora essa ganga do seu discurso sobra um bom material para discussão. É que o
Russo falou também que analfabeto não devia votar. Agrediu imperdoavelmente certas
susceptibilidades. Getúlio Vargas já tinha falado a mesma coisa e fora muito
aplaudido: “Voto não enche barriga!” O analfabeto, como de sorte todos os
demais, tem é que trabalhar. Este é um direito deles. O bolsa família vem na
contra-mão desse propósito. Isto serve de orgulho pra quem o concede e nem para
aqueles que o recebem. É uma vergonha pra qualquer governo ter 25% da sua
população vivendo da caridade pública. E perigoso. Digo isto porque a madrinha
do meu irmão criava leitões para o fim do ano. Todos os dias ela lhes levava a
comida azeda deles e eles vinham tão contentezinhos lamber-lhes suas mãos sem
saber o que os aguardava no Natal.
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