quinta-feira, 16 de setembro de 2010

PRUDENCIA E CALDO DE GALINHA

LULA E FRATERNO ABRAÇO


Em maio, Lula atravessou seu Rubicão. Não levou uma legião de soldados, mas foi acompanhado do Ministro Carlos Amorim com suas cerdas de javali e na bagagem apenas muito carinho, muitos afetos para dar. Mahmoud Ahmadinejad, Presidente do Irã, parecia até que ia receber uma princesa. Quis mesmo se parecer um gentil-homem, mandando soltar de véspera Clotilde Reiss, uma professora francesa. Ela fora vista numa manifestação contra o governo e pagava essa insolência atrás das grades.  Ia ficar  5 anos assim, mas saiu no décimo mes de prisão. O presidente da França Nicolas Sarkov agradeceu aos presidentes do Brasil, do Senegal e da Síria pela ajuda, no caso. Mas, na verdade, o que valeu mesmo foram os US$ 285,00 que a moça pagou de fiança. De qualquer forma, em Teerã, o clima era de festa. Já havia passado alguns dias da execução de cinco jovens por enforcamento. Outros aguardando apedrejamento, na fila, mas o visitante não ia reparar essas coisas. Seria uma avacalhação. O que interessava é que iam assinar o acordo de não proliferação de armas nucleares. Ninguém duvidava mais. Estava por horas. Tanto que o premiê da Turquia, Recept Tayyip Erdogan, perdeu aquela cisma que tinha e embarcou depressa para o Irã. Chegou à  reunião ainda ajeitando as calças, esbaforido. Assinaram o tratado. 

                               O ENRIQUECIMENTO DO URÂNIO



Lula, Ahmadinejad e Erdogan mal tinham assentado suas assinaturas sobre o contrato, a tinta ainda estava molhada, e o Conselho de Segurança da ONU já mandava jogar  aquilo fora.  Viriam mesmo as sanções contra o Irã. E ponto final. A ficha do Lula demorou cair. Disse que não admitia, essas coisas. Chegou até a dar uma banana via embratel: "Aqui ninguém dá, ninguém desce!" Aí veio o dia 9 de junho com uma goelada: 12x3. Somente 3 países não assinaram as penalidades ao Irã. Brasil e China votaram contra e o Líbano se acomdou sobre o vastíssimo muro da boa vizinhança. Prudência e caldo de galinha não faz mal a ninguém. Com o Brasil o papo era outro. Nunca ninguém antes... Também, era desaforo, mandaram O Cara fazer aquele papelão. Deixar o bate bola na Granja do Torto pra dar em nada... Pegaram o contrato assinado, embolaram e jogaram na cesta de papel. Deus me livre se fizessem isto comigo! O Irã fazia que nem era com ele. Continuava o seu enriquecimento de urânio tranquilo. Lula ainda não tinha absorvido a primeira rodada de sanções e veio a segunda. Era dia 26 de julho. No dia 3 de agosto, lá da terra dos brabos argentinos, Lula soltaria um novo brado. Mas já sem verve. No dia anterior, um ministro iraniano o chamara de ignorante e sentimental. Foi por causa de um pedido de clemência que ele fizera por Sakineh. Aquele "ignorante" assim, com todo mundo escutando, foi duro. Então, deixa eu mudar de lado. Na semana seguinte, Lula abdicou das suas convicções e assinou as novíssimas sanções contra o Irã. É mais um golaço da nossa política externa.

AS CORES DA VENEZUELA



Na Venezuela também há o bumba-meu-boi. E tem data certa pra sair com os Garantido e Caprichoso deles lá. As pessoas já vivem uniformizadas o tempo todo, 365 dias por ano, 24 horas por dia. É que Chávez sequestrou para si e para os seus a cor vermelha. Quem não é chavista não nem chupa  picolé de grosélia. O vermelho lhe provoca urticárias. Sente-se um traidor. É quase um cabra marcado para morrer. Esse confronto se torna mais forte na medida em que se aproximam as eleições. Chávez tomou posse em 1999 e assentou-se sobre um tripé muito favorável: Uma oposição fraca, o alto preço do petróleo e um vasto rebanho de dependentes dos favores governamentais. Dbsi pergunta a vendedora "A senhora não tem de outra cor?" A vendedora encurta a conversa perguntando-lhe de que cor ela quer o vestido. Dibsi diz: "de qualquer uma, desde que não seja vermelho". Então a vendedora diz que aquele vestido é vinho, mas a compradora está irredutível e conclui: "É. Mas parece vermelho". Claro que o vermelho também tem sua clientela. Afinal, os chavistas tem também que abastecer seus guarda-roupas, né verdade? No shopping Sambil, os chavistas são clientes certos. Saem muitas jaquetas vermelhas para o exército. E há chavistas com muita grana. A busca por um vermelho mais sofisticado está fazendo a fortuna do estilista Giovanni Scuttaro. As pessoas mais influentes que têm uma reunião com o presidente o procuram e uma camisa custa UU$ 332. Meio carinho, mas é pra muitos é artigo de inquestionável.

      ESTE PERNILONGO NÃO É DAQUI
EU O CONHEÇO MUITO BEM


Seria o caro leitor capaz de distinguir um morcego mineiro, de um morcego nordestino? Já é possível.  Tenho um vizinho que deixava o carro, na garagem todo aberto, a noite toda. Na manhã seguinte, ainda bem cedo, se empastava de repelentes, ia pé por pé, entrava no carro cheio de pernilongos e ia feliz da vida soltá-los em frente a casa do Prefeito. Ia numa missão de guerra. Nem olhava para os lados para evitar pedidos de carona. Brincava consigo mesmo dizendo que o carro já estava cheio. Nunca soube se os pernilongos voltavam para a Barreira Cravo ou ficavam por lá atanazando aquela gente tão nobre. Acho que voltavam. Afinal, político é uma gente de sangue muito ruim. Foi divertido. Mas hoje está meio perigoso fazer isto. Um grupo de cientistas lá no Centro Florestal na Austrália divulgou que os morcegos têm sotaques distintos, entre si. Quando um morcego houve um outro morcego sabe não só onde ele está, como descobre de onde é que ele veio. A equipe liderada pelo pesquisador Grad Law, fizera experiências com outros animais antes. Depois pesquisou 30 diferentes espécies de morcegos viventes na Austrália. Foi assim que descobriram que os sotaques dos morcegos variam de região para região no país. Olha que para este estudo chegar ao zumbido dos pernilongos não falta muito não. E, depois, os prefeitos sempre tem pares de ouvidos comissionados. Vai que alguém reconheça que esse ou aquele pernilongo não é do quintal do prefeito. Vou falar pro meu amigo parar com isso.


JOSÉ EURICÉLIO ALVES DE CARVALHO

José Euricélio Alves de Carvalho bem que podia ser título de uma história inventada. Mas não; Euricélio tem boca, nariz, olhos como qualquer vivente e uma irmã ministra como pouquíssima gente. Daí, ele ser  especialíssimo! Sua especialidade é desviar dinheiro público. É irmão da Ministra Erenice Guerra, Chefe da Casa Civil, que lhe empresta o filho para essas empreitadas. Ganhou, agora, notoriedade porque extrapolou. Encontraram sua digital no desvio de R$ 5,8 milhões da UnB. Alguma coisa deu errado, no golpe porque o cara é especializado no trambique. Desde 2005, no tempo que Dilma Rousseff era ministra. É araruta tem seu dia de minguau. Nem Dilma, nem Eurenice viu. Mas o reitor José Geraldo de Sousa Junior sacou e pediu auditoria a CGU. A sua convicção é que a UnB teve um prejuízo de R$ 10 milhões. Mas você pensa que o José Euricélio sossegou? Que nada! Ele tem a boca larga. Ele tem também um cargo comissionado no Ministério das Cidades. O Procurador do TCU Marinus Marciso disse à Folha que "ter dois empregos públicos sem fazer concurso é como ganhar na loteria duas vezes." É, os Anões do Orçamento devem se sentir profundamente injustiçados.


O VERDE-AMARELISMO VOLTOU

Antônio Carlos Vilaça

"Lula é uma espécie de Médice do século 21. Não tem a terrível máquina repressiva ao seu lado. Não precisa"

É MUITO DIFÍCIL encontrar algum sinal de entusiasmo popular pela realização das eleições. O desinteresse é evidente. Como de cosrtume, caiu a audiência da televisão após o início do horário pago - não é possível chamar de gratuito, quando as empresas deixarão de pagar R$ 850 milhões de imposto de renda. O clima lembra 1970. Crescimento econômico, expansão do consumo e do crédito e muitas pitadas de ufanismo. Lula é uma espécie de Médice do século 21. Não tem a terrível máquina repressiva ao seu lado. Não precisa. Asfixiou a oposição. Diluiu as diferenças ideológicas e morais. Tanto que pode apoiar uma candidata identificada historicamente com o feminismo, assim como outro, que é conhecido como um covarde agressor de mulheres.
          Aos críticos do "milagre econômico lulista" foi reservado o pior dos mundos. Criou seu próprio "ame-o ou deixe-o".
          Quem está com ele - e nessa categoria o arco é amplo, vai do MST ao grande empresariado - "ama" o Brasil; quem está contra é inimigo e tem de ser destruído.
          Não causará estranheza, se disser que o "amor à pátria que entendemos é o que almeja desenvolvê-la e enriquecê-la para que alcance o bem-estar de toda a nossa gente". E que não consegue "ver esse amor em quem se volta contra a sua pátria, quem a quer em tudo derrotada. Na estratégia do quanto pior melhor", como discursou Médice, em 1970.
          A sociedade civil silencia. Mais do que medo, está desinteressada da política. Já o governo avança. Não há mais distinção entre o lulismo e o Estado. É tudo uma coisa só. Um só corpo.
          O Estado Novo e o regime militar foram dois momentos de supressão das liberdades e de expansão econômica. Tudo à sombra da repressão policial-militar. O domínio lulista é mais eficaz e sedutor. Até o momento, o pau de arara foi substituído pelos empréstimos bancários, pelo cartão de crédito. Isso só foi possível graças às reformas adotadas na década de 90, que acabaram abrindo o caminho para o crescimento da economia. Mas isto pode estar no limite do esgotamento.
          Sem as benesses financeiras, o lulismo não sobrevive. Ao mantê-las, sem realizar as reformas necessárias, o país caminha para o estrangulamento econômico. Mas o que está ruim pode piorar. Deveremos ter o pior Legislativo federal desde 1930. Produto do verde-amarelismo lulista,  do conservadorismo, da despolitização. Estaremos cercados de Tiriricas por todos os lados. E, por incrível que pareça, sentiremos, em 2011 saudades do congresso de 2010.
MARCO ANTONIO VILLA é professor do Departamento de Ciências Sociais da UFSCar

Fonte: Jornal A FOLHA DE SÃO PAULO


NOMES DA 7ª ARTE

Por Morrisson

Theda Bara




Atriz americana nasceu em Cincinnati - Ohio, 29 de julho de 1885 e recebeu o nome de Theodosia Goodma. Estudou em Walnut Hills high School, de 1899 a 1903 e morou na 823 Hutchins Avenue. Após dois anos de estudo na Universidade de Cincinnati, ela foi trabalhar nas produções teatrais e explorar novos projetos mudando-se para Nova York em 1908. Fez seu debut na Brodway em The Devil (1908). Ao contrário da virginal Mary Pickford outra diva da época Bera era uma surpreendente overdose de fantasia sexual. Ficou famosa por suas sensuais personagens com olhos pintados de negro e seios cobertos por peças reduzidas. Dizia-se que era fruto do amor entre um artista francês e sua amante árabe. Seu pseudônimo artístico era anagrama de "Arab Death" (Morte Árabe). Tímida sempre exigiu que suas cenas mais sedutoras fossem filmadas em cenários fechados. Fez mais de quarenta filmes como "The serpent of Nile (16), "The Tigger Woman" (17). Já em seu primeiro filme "A fool there was" (15) estabeleceu seu estilo com a frase "beija-me, seu tolo!" Mas as platéias se sofisticavam e esse estilo de papéis exóticos que representava pareciam cada vez mais absurdos. Acabou parodiando a si mesma em seu último filme "Madame Mistery". Uma comédia em curta metragem. Por motivos inexplicáveis sua trajetória artística entrou em declínio, encerrada nos seus 41 anos de idade. Faleceu em 1955 de câncer.


MEU HAI-KAI

Quem vê cara, bem se diz:
Não vê nenhum coração;
Vê olhos, boca e nariz.



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