segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

ZOINHO É UM, DELEY É OUTRO



Zoinho é PR, PR é Zoinho. O resto são penduricalhos. Meros adereços. Quando ele chegou para o partido foi como se o Ronaldo Fenômeno, no auge dos galácticos, chegasse no  Flamenguinho do Retiro. Tá certo que o Flamenguinho tem chuteira, short, meião e jogo de camisa. Mas... O PR-VR também é assim: Tem presidente, tem secretário e tem tesoureiro e uns poucos filiados que são uma espécie de torcida, às vezes, até organizada. Há dois meses não passavam disto e estavam satisfeitos com isto.  Passadas as eleições, o papo mudou. Já tinham um deputado federal para colocar no balcão dos negócios. Quanto vale um deputado? Há um bolo enorme a ser negociado. Primeiro, segundo e terceiro escalão. Quiçá mais! Porém, precisam passar pelo teste de fidelidade. E, se ficarem bem comportados, podem ser gratificados. Há sempre um farelinho caindo da mesa. Vigiai, portanto! E, nesse ato de contrita devoção, vem o Zoinho e vota por um salário mínimo maior do que o proposto pela Presidência da República. Pra quê que ele foi fazer uma coisa dessas, meu Deus!? Antonio Cardoso, presidente do PR-VR, de dedo em riste, falou: "Aonde é que esse menino pensa que vai? Ou a gente é governo ou é oposição!"   E Zoinho simplesmente diz que procede de acordo coo sua história. Sempre defendera melhor salário para o povo. Conforme se sabe, Zoinho é um, Deley é outro. Mas podia ir mais fundo se o quisesse. Podia dizer que tres poderes constituem o governo - Executivo, Legislativo e Judiciário. Portanto, estar contra medidas do Executivo não é estar contra o governo. Pôxa, parece que esse pessoal não teve OSPB na quinta série.
ilustração: jeffcastro.blogspot.com


Umberto Eco, escritor e filósofo

Não creio que De Gaule tenha falado que o Brasil não é um país sério. Mas seja quem for o seu criador receba a nossa gratidão. Aceitamos esta ofensa quase como uma palavra de carinho. E temos até ciúmes quando algum outro País ameaça a concorrer com a gente. Eu, por exemplo, estou por aqui com a  Itália.  São muito atrevidos esses italianos. E não o digo por mim, mas apoiado nas palavras de ilustres patrícios seus. O escritor e filósofo Umberto Eco, O Nome da Rosa, está empenhadíssimo na defesa da honra italiana: "Pode parecer, mas a Itália não é um país de proxenetas, nem todos os italianos, se tivessem muito dinheiro, fariam o mesmo que Berlusconi", disse, reconhecendo que a época de Calígula, Nero, Tibério... vai longe. A satiromania de Berlusconi talvez seja admirada por Bill Clinton, Antonio Palocci e  Fernando Lugo, aquele bispo lá do paraguai. Mas não seria suficiente para fazer um  ministro. Umberto Eco, entretanto, é muito sutil. E até vê semelhanças da Itália com o Brasil. Na Itália, Berlusconi se defende de todas as acusações fazendo desacreditar na Justiça, dizendo-se perseguido. Aqui, nossas autoridades repetem a ladainha. E ainda ganham cargos no governo, depois de postos para fora - Antonio Palocci, José Genoíno, João Paulo Cunha são uns poucos exemplos desses fartos beneficiados. Porca miseria!


CURTAS

Você pode não acreditar, seu abestado, mas Tiririca, deputado federal, bateu a popularidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva neste carnaval. Nos camelôs e lojas do Rio de Janeiro a máscara de Tiririca é a mais vendida. Em seguida, vem a de Dilma Rousseff e a do jogador Ronaldinho Gaúcho.  A produção das máscaras, inclui personagens internacionais como o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, e o presidente venezuelano, Hugo Chávez...  Amáscara de Ronaldinho Gaúcho não poderá ser comercializada por direitos de imagem. Mas o próprio Ronaldinho comprou 250 máscaras. E o Flamengo 4 mil.



Em breve, aposentaremos a expressão - "aeroporto de mosquito". É, pelo menos, o que diz um grupo de cientistas lá da Universidade da Califórnia, EUA. Eles acreditam que estão perto da cura da calvície. Tudo começou quando eles pesquisavam os efeitos do estresse sobre as funções intestinais. Modificaram uns ratos geneticamente até obterem uma excessiva produção de corticotropina nos seus organismos. Corticotropina é o hormônio do estresse. Ao envelhecer esses roedores começaram a perder pelos. Em seguida, esses cientistas criaram uma substância a que batizaram de "astressim-B", que bloqueia o hormônio estressante e a injetaram nos ratos que perdiam os pelos. Tres meses depois os cientistas não conseguiram mais distinguir os ratos geneticamente modificados porque tinham recuperado seus pelos.
Ilustração: Jornal O Estado de São Paulo



Um elefante africano de dez anos de idade, Calle, terá que deixar o lar por incompatibilidade com a própria mãe, Savannah. Eles vivem num zoológico na Pensilvânia (EUA). Até há um ano eles se entendiam perfeitamente, mas foi só o Calle entrar na adolescência começaram os olhares atravessados. Seus tratadores tentaram de tudo mas não conseguiram a reaproximação dessa família. Agora, como não tem mesmo jeito, eles vão transferir o elefante filho para um outro zoo e juntá-los a um grupo de elefantes machos. Acredita Willie Theisson, administrador do zoo da Pensilvânia, que Calle só voltará a ter um convívio amistoso com as fêmeas quando atingir a idade da reprodução.



AUTOS DE PERGUNTAS A QUE RESPONDEU TIRADENTES (JOAQUIM JOSÉ DA SILVA XAVIER) NO PROCESSO QUE O LEVOU À FORCA



          No dia 18 de abril, em conferência, que durou até duas horas da noite, foram setenciados em Relação os Réus da Conjuração de Minas Gerais, sustentavam os juízes os seus votos até a decisão dos segundos embargos: e semdo então apresentada na Mesa a Carta Régia de 15 de Outubro de 1790, julgaram somente o Réu Joaquim José da Silva Xavier em execução da pena última que mandei executar .
          Como o chanceler remete o Traslado de todo o processo sumário por evitar a extensão não repito a mudança e última decisão, que, pela dita Carta Régia houve nos degredos; para os quais em seu cumprimento se vão expedindo os réus à medida que se oferece ocasião de Embarcações; e já fiz partir para Angola os quatro Réus, Ignácio José de Alvarenga, Francisco Antonio de Oliveira Lopes, Je. Alz. Maciel e Luiz Vaz de Toledo Pisa; e para Moçambique e Rio de Sena pelo Navio da Índia Nossa Senhora da Conceição Princesa de Portugal os sete Réus Thomaz Antonio Gonzaga, José Ayres Gomes, Vicente Viera da Motta, João da Costa Rodrigues, Antonio de Oliveira Lopes, Vitoriano Glz. Velozo e Salvador de Carvalho do Amaral Gorgel - Da Gde. a V. Excia. Rio de Janeiro, 29 de maio de 1792 - Conde de Rezende Sen. Martinho de Mello Castro.

PRIMEIRA PARTE DO DEPOIMENTO DE TIRADENTES EM 22/05/1789

Ano do nascimento de Nosso Senhor Jessus Cristo de mil setecentos e oitenta e nove aos vinte e dois dias do mes de Maio nesta Fortaleza da Ilha das Cobras Cidade do Rio de Janeiro, aonde foi vindo o Desembargador José Pedro Machado Coelho Torres Comigo Marcelino Pereira Cleto Ouvidor e Corregedor desta Comarca e Escrivão nomeado para esta Devassa, e o Tabelião José dos Santos Rodrigues de Araujo para efeito de assistir a estas perguntas e que tudo para constar fiz auto: Eu Marcelino Pereira Cleto Ouvidor e Corregedor desta Comarca e escrivão nomeado o escrevi.
          E sendo perguntado, como se chamava, de quem era filho, donde era natural, se tinha alguãs ordens, se era Casado ou Solteiro, e que ocupação tinha - "Respondeu que se chamava Joaquim José da Silva Xavier, filho de Domingos da Silva dos Santos e de Sua mulher Antonia da Encarnação Xavier, natural do Pombal termo da Vila de S. João de El Rei Capitania de Minas Gerais, que tinha quarenta e um anos de idade, que era Solteiro, que não tinha ordens de alguãs, e com efeito vendo-lhe eu no alto da Cabeça vi que não tinha tonsura alguã, e que era Alferes do Regimento da Cavalaria paga de Minas Gerais".
         E sendo-lhe se perguntado se Sabia a causa da sua prisão, ou a Suscitava: "Respondeu que não".
          E Sendo instado, que dissesse a verdade, porquanto se ele respondente se tinha refugiado, e posto em circunstâncias de fugir, era Sinal evidente, de que tinha crime, pelo que receava ser preso, e chegando a Sê-lo devia desconfiar, que era por esse crime".
         Respondeu que não tinha crime algum, de que se receasse, nem pelo qual fugisse, como com efeito não fugiu, e Só o que fez foi esconder-se e, casa de Domingos Fernandes Torneiro assistente na rua dos Latoeiros, o que fez no dia seis de maio do presente ano, e a razão que para isto teve foi por lhe fazerem repetidos avisos, de que o Illmo. e Exmo Vice Rei o mandava prender, e ter visto, que atrás dele andavam continuamente dois Inferiores, observando-lhe os passos".
         E Sendo instado, que dissesse  a verdade; porque não era razão bastante o andarem, como ele presumiu, espias atrás de Si, nem os avisos, que diz se lhe fizeram de que S.Excia  o queria prender, ao mesmo tempo que não declara as pessoas que lhos fizeram; pois se ele não tivesse culpa, nem devia esperar prisão, nem devia temê-la, de sorte que se preparou com um Bacamarte que lhe foi achado no ato da prisão, estando carregado e ademais com cartas, que lhe foram achadas de favor para ser auxiliado na sua pretendida fugida; com cujos fatos vinha a fazer-se criminoso, o que não era natural, se não para se livrar de algum procedimento que merecesse por outro crime maior.
           Respondeu que, como tem dito, não tinha crime algum, e que se escondera para ver o que se passava em razão das antecedências e que era verdade que fora achado com o Bacamarte, e também as cartas, de favor para ser auxiliado na sua fugida, as quais lhe deram uma o Capitão Manuel Joaquim Fortes, que é do Regimento de Voluntários de S. Paulo, que se achava nesta Cidade, para Inácio de Andrade e outra de Manuel José, que também assistia nas mesmas Casas, e a quem o Capitão Fortes pediu escrevesse ao Mestre de Campo Inácio de Andrade, recomendando desse passagens a ele respondente, porque se via aqui perseguido por dizer as verdades, e com efeito ele respondente recebeu as ditas duas Cartas, que sendo-lhe mostradas neste ato reconheceu serem as próprias, que se acham a folhas trinta e sete e folhas trinta e nove da Devassa, uma de Manoel José, que está assinada por ele, e outra do Capitão Manoel Joaquim, que está por assinar, do que dou fé, porém que tanto o Bacamarte como as Cartas diligenciadas por ele respondente, depois que viu que, tendo-se ele ocultado, Se tinha ido Sua Casa, e se tinha prendido um mulato, que nela deixou, ainda que já estava vendido ao Sargento Mor Manuel Caetano, mas sempre o conservava em Casa; porque tinha justo não o entregar senão quatro dias depois da venda, e que só depois que viu o procedimento da prisão do mulato é que resolveu a fugida para a sua Praça e para isso se preparou com o Bacamarte para não ir pelos matos sem arma"

NA PRÓXIMA POSTAGEM A SEGUNDA PARTE DESSE PRIMEIRO DEPOIMENTO DE TIRADENTES

Nenhum comentário: