quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

GATO POR LEBRE



Se me aparecer aqui alguém vendendo uma galinha com gogo ou uma mula manca mando bater na casa do Neto, o Prefeito. É possível que venda alguma coisa. A menos que se prove que é puro boato essa história da pesquisa que tanto faz a população rir. Na cidade, só se fala de duas coisas - é da pesquisa do Prefeito e da heróica luta da Guarda Municipal contra os piratas do DVD. Enfim, por conta de um mal entendido, talvez, o Prefeito recomendou a pesquisa. Dizem que ele estava na janela de casa, um homem lá fora, passou e não o cumprimentou. Neto até fez um barulho. Parece que simulou um espirro. E o homem continuou indiferente à figura dessa eminência municipal. Ficou amuado o nosso prefeito e nem de chocolate queria mais saber. Era grave. Aí, foi que contrataram a pesquisa de popularidade. Mas o resultado tinha que ser assim, assim. E foram além da encomenda - 76% de aprovação. Venderam-lhe gato por lebre. Podiam ter mentido menos. Dizem que o santo quando vê muita esmola desconfia. Mas o Neto não desconfiou. Pra dizer a verdade, ele até achou pouco. Ficou assim meio desconfiado. Pensou uma, duas vezes e mandou colocar no jornal. E, no entanto,  Neto não precisava desse desperdício. Não precisava. Em outubro mesmo fora avaliado. Lá na cabine indevassável o eleitor fica a sós consigo mesmo. É como se esivesse no banheiro da sua casa. Ninguém vê o que ele pensa e nem o que ele faz. E o eleitor votou contra o Deley, dizendo não ao Neto. Se não elegeu o Deley, estava dizendo que não elegeria o Neto também. O Neto, portanto, não precisava nova tomada de opinião.  O índice ainda deve ser o mesmo de outubro. Não creio que tenha piorado.


 LEONARDO BOFF E A BIRUTA


Leonardo Boff já morreu de medo do diabo, mas, hoje, só teme o PSDB. Sente mesmo cheiro de enxofre quando Fernando Henrique aparece na televisão. Ele está meio assim. Sabe que o diabo é insinuante. Às vezes, engana até a gente mesmo. Por isso fez instalar uma biruta no quintal para ver de onde vem a coisa. É assim que ele sabe se é do bem ou se é do mal cada coisaa que acontece. E faz seus pedidos a Deus. Agora mesmo o governo federal foi condenado a devolver R$ 205 milhões de reais ao SUS de Brasília. Boff deu de ombros. É coisa do Torto. O serviço de saúde vem mal, o Hospital Asa Sul, o maior de Brasilia, fechou o atendimento pediátrico por falta de recursos e o governo não repassa do dinheiro do SUS. O Padre Boff não dirige sequer um Pai Nosso aos céus pedindo por essas criancinhas. E um pedido desses o Pai, por certo, atenderia -  "vinde a mim as criancinhas".  A questão não tem nenhum mistério. Para entendê-la não é preciso nenhuma nova teologia.  É que o governo não repassava ao SUS sequer o percentual mínimo estabelecido na Constituição. Aí, fez-se uma auditoria, levantou-se o débito e o Ministério Público Federal entrou com uma ação civil pública cobrando a dívida. Leonardo Boff crê que se continuarmos assim estaremos todos salvos. Não vê que os governos federal, estaduais e municipais estão terceirizando a saúde, colocando a vida humana sob as leis do mercado a mesma lei que regula o preço dos ovos e do tomate.
CARROS MODERNOS





 
E, quem diria?, hoje já temos carros mais intelegentes do que seus donos. Dirão alguns que isto é coisa do diabo... eu, no entanto, digo que isto é coisa de Deus. Os maus motoristas terão suas ordens rejeitadas sem nenhuma conversa. Os carros se recusarão a subir as calçadas, não avançarão o sinal e se recusarão a dar carona para louras sinistras nas estradas. E também não darão asas ao delírio desses imbecis completos que pensam que todos devem ouvir as músicas de que eles gostam. Pelo que leio no Estadão, não estamos longe disto. E o Brasil tem se mostrado um bom mercado para esses avanços. Está certo que muitos desses carros são importados e a preços proibitivos. Mas, tudo é uma questão de querer. Quem sabe cortando-se na educação, na saúde, no consumo do arroz, do feijão não se chega lá. Faz feito o governo que retirou verba do SUS, as pessoas continuaram a morrer nas filas de atendimento, mas tudo na maior das boas intenções. Mas voltemos aos carros modernos que já estou eu a misturar alhos com bugalhos. Muito bem. A tecnologia automotiva evolui tão rápido como a dos telefones celulares, a da informática e as relações conjugais. Coisas próprias do tempo mesmo. Hoje, há carros que nos acidentes mais graves eles próprios acionam os pedidos de socorro. E se o motorista for um distraído o próprio carro faz a detecção de pedestres atravessando a rua e param. Um dia, não custa sonhar, teremos uma cadeira presidencial assim.



OS BLACK BLOCKS




Esses tais black blocks são uma bala perdida. Atacaram o carro do Principe Charles. Então, já viu que eles não estão escolhendo cara. Nem cara, nem coração. Fiéis ao ideário de uma liderança anarquista - Bakunin: "A paixão pela destruição é também uma paixão criativa" - eles querem construir, destruindo. É a sua luta. Qualquer bandeira os atrai, desde que possam esbordoar, chutar, explodir...  É ainda um bando de 300 cabeças e não pode fazer movimentos autônomos. Portanto, qualquer luta, qualquer propósito lhes serve. E assim vem somando a cada dia mais uma besteira no seu currículo. Nessas duas últimas semanas eles fizeram tres arruaças das brabas em Londres, Roma e Atenas.   Quem os vê tão desafiadores há de supô-los capazes até de enfrentarem os cavaleiros do apocalipse. Mas não, são uns fedelhos que ainda vivem da mesada do pai. Quem sabe até ainda ficam de castigo quando os pais lhes decobrem algum malfeito. destemidos poderá supor quem sabeErra quem pensa que eles fazem parte de um grupo de descamisados. Esses destemidos rapazes são meninos que vivem as custas de mesadas dos pais. Em um muro em Atenas estava escrito "Invadam Atenas, Roma e Londres" Em 1909,  anarquistas espanhóis aproveitaram manifestações contra recrutamento queimaram igrejas executaram padres. O exército reagiu e foram mortos 150. Agora, já passam de 150 de novo.



NOMES DA 7ª ARTE
Por Morrison

Emil Jannings



 Emil Jannings, nome artístico de Theodor Friedrich Emil Janenz (23 de Julho de 18943 de Janeiro de 1950), foi um ator suíço e o primeiro vencedor do Óscar de Melhor Ator. Ele venceu o prêmio da Academia de 1928 por dois filmes: The Way of All Flesh (Tentação da Carne) e The Last Command (O Último Comando). Também estrelou em The Last Laugh (A Última Gargalhada), de Friedrich Wilhelm Murnau, notável filme do cinema mudo pela falta de cartas de título, e na versão cinematográfica de Otelo, de Shakespeare, de 1922.
Nascido em Rorschach, Suíça, de mãe alemã e pai norte-americano, Jennings, como ator de teatro, teve uma carreira promissora em Hollywood terminada quando os filmes sonoros fizeram de seu forte sotaque alemão difícil de entender. Ele voltou para a Europa, onde estrelou com Marlene Dietrich no clássico The Blue Angel (O Anjo Azul), filmado em inglês, simultaneamente com sua versão alemã, Der Blaue Engel.
                 Durante o Terceiro Reich, estrelou em muitos filmes com a pretensão de promover a filosofia nazista, particularmente, o caudilhamento (Führerprinzip): Der Herrscher (O Governante, 1937), Der Alte und der junge König - Friedrichs des Grossen Jugend (A Juventude de Frederico, o Grande, 1935) e Die Entlassung (A Demissão de Bismarck, 1942). Joseph Goebbels, Ministro da Propaganda, apelidou-o de "O Artista do Estado" em 1941. Seu envolvimento com o nazismo acabou com qualquer chance de um retorno aos Estados Unidos.
Quando as tropas aliadas entraram na Alemanha, em 1945, conta-se que Jannings tenha levado seu óscar consigo como prova de sua antiga associação com Hollywood. Contudo, o seu papel ativo na propaganda nazista significou que ele estava proibido de trabalhar e condenou qualquer tentativa de retorno. Ele então se retirou para sua fazenda na Áustria. Muito competente em assuntos financeiros, Jannings foi um dos atores mais bem pagos de sua época.
Morreu de câncer em Strobl, Áustria, aos 65 anos de idade. Seu óscar agora está em exibição no Filmmuseum em Berlim, Alemanha


                

 

O CRAVO NÃO BRIGOU COM A ROSA
(de Roberto Rabat Chame)
Chegamos ao limite da insanidade da onda do politicamente correto. Soube dia desses que as crianças, nas creches e escolas, não cantam mais O cravo brigou com a rosa. A explicação da professora do filho de um camarada foi comovente: a briga entre o cravo – o homem – e a rosa – a mulher – estimula a violência entre os casais. Na nova letra “o cravo encontrou a rosa/ debaixo de uma sacada/o cravo ficou feliz /e a rosa ficou encantada”.
Que diabos é isso? O próximo passo é enquadrar o cravo na Lei Maria da Penha. Será que esses doidos sabem que O cravo brigou com a rosa faz parte de uma suíte de 16 peças que Villa Lobos criou a partir de temas recolhidos no folclore brasileiro?
É Villa Lobos, cacete!
Outra música infantil que mudou de letra foi Samba Lelê. Na versão da minha infância o negócio era o seguinte: Samba Lelê tá doente/ Tá com a cabeça quebrada/ Samba Lelê precisava/ É de umas boas palmadas. A palmada na bunda está proibida. Incita a violência contra a menina Lelê. A tia do maternal agora ensina assim: Samba Lelê tá doente/ Com uma febre malvada/ Assim que a febre passar/ A Lelê vai estudar.
Se eu fosse a Lelê, com uma versão dessas, torcia pra febre não passar nunca. Os amigos sabem de quem é Samba Lelê? Villa Lobos de novo. Podiam até registrar a parceria. Ficaria assim: Samba Lelê, de Heitor Villa Lobos e Tia Nilda do Jardim Escola Criança Feliz.
Comunico também que não se pode mais atirar o pau no gato, já que a música desperta nas crianças o desejo de maltratar os bichinhos. Quem entra na roda dança, nos dias atuais, não pode mais ter sete namorados para se casar com um. Sete namorados é coisa de menina fácil. Ninguém mais é pobre ou rico de marré-de-si, para não despertar na garotada o sentido da desigualdade social entre os homens.
Dia desses alguém [não me lembro exatamente quem se saiu com essa e não procurei a referência no meu babalorixá virtual, Pai Google da Aruanda] foi espinafrado porque disse que ecologia era, nos anos setenta, coisa de viado. Qual é o problema da frase? Ecologia, de fato, era vista como coisa de viado. Eu imagino se meu avô, com a alma de cangaceiro que possuía, soubesse, em mil novecentos e setenta e poucos, que algum filho estava militando na causa da preservação do mico leão dourado, em defesa das bromélias ou coisa que o valha. Bicha louca, diria o velho.
Vivemos tempos de não me toques que eu magôo. Quer dizer que ninguém mais pode usar a expressão coisa de viado ? Que me desculpem os paladinos da cartilha da correção, mas isso é uma tremenda babaquice. O politicamente correto é a sepultura do bom humor, da criatividade, da boa sacanagem. A expressão coisa de viado não é, nem a pau (sem duplo sentido), ofensa a bicha alguma.
Daqui a pouco só chamaremos o anão – o popular pintor de roda-pé ou leão de chácara de baile infantil – de deficiente vertical .
O crioulo – vulgo picolé de asfalto ou bola sete (depende do peso) – só pode ser chamado de afrodescendente.
O branquelo – o famoso branco azedo ou Omo total – é um cidadão caucasiano desprovido de pigmentação mais evidente.
A mulher feia – aquela que nasceu pelo avesso, a soldado do quinto batalhão de artilharia pesada, também conhecida como o rascunho do mapa do inferno – é apenas a dona de um padrão divergente dos preceitos estéticos da contemporaneidade.
O gordo – outrora conhecido como rolha de poço, chupeta do Vesúvio, Orca, baleia assassina e bujão – é o cidadão que está fora do peso ideal.
O magricela não pode ser chamado de morto de fome, pau de virar tripa e Olívia Palito.
O careca não é mais o aeroporto de mosquito, tobogã de piolho e pouca telha.
Nas aulas sobre o barroco mineiro, não poderei mais citar o Aleijadinho. Direi o seguinte: o escultor Antônio Francisco Lisboa tinha necessidades especiais… Não dá. O politicamente correto também gera a morte do apelido, essa tradição fabulosa do Brasil.
O recente Estatuto do Torcedor quer, com os olhos gordos na Copa e 2014, disciplinar as manifestações das torcidas de futebol. Ao invés de mandar o juiz pra putaqueopariu e o centroavante pereba tomar no olho do cu, cantaremos nas arquibancadas o allegro da Nona Sinfonia de Beethoven, entremeado pelo coro de Jesus, alegria dos homens, do velho Bach.
Falei em velho Bach e me lembrei de outra. A velhice não existe mais. O sujeito cheio de pelancas, doente, acabado, o famoso pé na cova, aquele que dobrou o Cabo da Boa Esperança, o cliente do seguro funeral, o popular tá mais pra lá do que pra cá, já tem motivos para sorrir na beira da sepultura. A velhice agora é simplesmente a “melhor idade”.
Se Deus quiser morreremos, todos, gozando da mais perfeita saúde. Defuntos? Não. Seremos os inquilinos do condomínio Cidade do pé junto.

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