domingo, 27 de junho de 2010





Continua o jogo de empurra.  Saúde pra cá, CTR pra lá. Centro de Tratamento de Resíduos por perto de casa é um perigo. Ninguém quer, mas as vezes não fala. Os moradores do Santa Cruz não querem e falaram logo - Procura outra vizinhança! Aí, o Prefeito foi indo, foi indo, foi indo... contou quantos votos perdia, essas coisas... correu cotia. Mas o terreno já estava até comprado. Agora, escolheu um outro lugar lá para as bandas de Rio Claro. Os secretários do Meio Ambiente desses dois municípios foram bem olhar o local. Ver de perto. Levaram com eles um representante do INEA.  O INEA, é aquele Tal que segundo o major Henrique da Defesa Civil, foi quem autorizou a construção da sede da Defesa Civil dentro do Rio Paraíba. Valha-nos Deus!

foto: idealismobuteko.wordpress.com





Carlos Amaro, Secretário Municipal do Meio Ambiente de Volta Redonda, ficou meio assim cheio de dedos pra dar seu palpite na mudança do CTR. Falou que, antes da transferência. precisa  ver se  o CTR não colocaria em risco nascentes, rios, essas coisas. Isto lá na casa dos outros porque aqui seria colocado a  800m do rio Paraíba do Sul. E à mesma distância do bairro Santa Cruz também. Mas tudo bem. A PMVR, com todos os técnicos não haviam se incomodado com isto.  Tanto que compraram a área com esse fim. Foi o povo quem sentiu o cheiro, o mau cheiro.  Agora quem vai avaliar esse novo lugar é a Empresa construtora, Vereda. A responsabilidade não fica com o Município, não fica com o Estado; fica com a iniciativa privada. No entanto, o prefeito Antônio Francisco Neto e o Vereador e ex-secretário municipal de Serviço Público, Carlos Roberto Paiva, já estão dizendo que no Santa Cruz o CTR não pode ficar. Se muito não me engano, essa área foi adquirida com o Vereador Paiva na Secretaria Municipal de Serviços Urbanos. Esse Paiva tem uma capacidade de recuperação que Deus me livre! 



Deu-se, em Palmares (PE), a dramática cena como espetáculo de TV -  dezenas de pessoas revirando a lama em busca de alimentos. Era uma das trágicas consequências das enchentes no Nordeste. Mas que podia ser no Haiti, podia. O drama não parava aí. Esta cidade pernambucana tem 59 mil habitantes que contavam com apenas um ponto de abastecimento de água potável. E, por aí, vai.  É claro que toda tragédia tem o seu grau de imprevisibilidade. Mas nesta tragédia nem tudo era impresível. Elas tem se repetido de 2003 para cá, nessas mesmas cidades, nessa mesma estação do ano. Ainda assim, dezenas daquelas cidades  não possuem sequer defesa civil.  Em Pernambuco não há radar meteorológico. Em Barreiros (PE) quem avisou das enchentes foram os sinos da igreja. Mas a Prefeitura de lá providenciou um aparelho de televisão para os moradores assistirem o jogo Brasil e Portugal.

Foto: jornal a Folha de São Paulo


Olha que o Prefeito Neto devia pensar um pouco mais nas enchentes. Devia se informar direitinho do que está havendo lá no Nordeste.  Ver noticiários, ler um pouco, se preparar. Mas não vá pensar que isto é coisa só lá do Nordeste, não, que não é. Elas - as enchentes - não faz muito, passaram por aqui. Eu morro de pena daquele pessoal lá da Defesa Civil que está se derretendo todo só porque vai ganhar uma sede dentro do Rio Paraíba. Alguém tem que avisar pra eles que isso é perigoso, gente. Eles estão felizes como pinto no lixo. Desculpa gente! Foi mal. Mas tem que se pegar as enchentes no Nordeste e trazer uma boa reflexão para Volta Redonda. O Rio Paraíba do Sul precisa de dragagem. A Secretária Estadual do Meio Ambiente do Rio de Janeiro disse que dinheiro o Estado tem, o que faltam são projetos dos municípios. Paiva, o ex-Secretário de Serviços Urbanos, tá de prova. Ela falou bem na cara dele - FALTAM PROJETOS! Eu acho que ela falou mesmo assim, com ponto de exclamação e tudo. Tudo, não; ela não botou dedo em riste. Mas eu acho que ela devia ter posto. Penso que ele até já se esqueceu. Entrou num ouvido saiu no outro. Mas também, pra que se preocupar, toda terça feira tem show no Cine Nove de Abril. Aliás, pensando melhor, eu acho que o Neto anda lendo muito as notícias do Nordeste. E aprendendo coisas com o Prefeito de Barreiros. 





Agora, além do tráfico e outros crimes há também o desses mal educados nas ruas do Rio de Janeiro, fazendo xixi nas ruas. A Prefeitura do Rio de Janeiro desde o carnaval pra cá vem dando combate aos mijões. São presos, pagam multas. De vez em quando nos seus releases informa também sobre esses dados. O último diz que num mesmo dia prenderam 28 infratores. O Prefeito Neto, aqui em Volta Redonda, se o quisesse dava uma poeira no Prefeito Eduardo Paz, do Rio. Era só mandar seu pessoal aqui nas festas da Ilha São João. Não precisava nem disfarçar e muito menos se esconder. Acontece na cara de todo mundo. Aí, o pessoal ficava, por exemplo bem ali na cabeceira da ponte, por onde todo mundo passa.  E era só ir prendendendo. Podia até, para mostrar maior  eficiência, informar quantos prendeu antes de começar a festa, durante a festa e depois da festa. Podia até informar qual é o momento do pico do xixi.
foto: oglobo.com.br





É preciso orientar bem as pessoas. Estão deixando lixo se acumular nas praças que tem morador que pode confundi-las com lixão - o lixão do bairro. Não é pra falar mal não, gente... Como diz o comunicólogo Datena - "É brincadeira, rapaz... Me ajuda, aí, Ô" . O gari afirma que não tem nada a ver com ele. E, sinceramente, daqui a pouco não tem mesmo não. Daqui a pouco só com draga é que conseguirão tirar o lixo das praças. Imagina só. Quando o Paiva saiu da SMSP-VR disseram que a Prefeitura contrataria  400 homens para limpeza da cidade. Contrataram e a cidade ficou assim. O relaxamento não está respeitando cara de ninguém. Até em frente de membros da diretoria da associação tem lixo. É como eu digo, ainda bem que em frente da casa da América Teresa não tem praça; só tem poça dágua.


 


Eduardo Alves Costa


Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.

Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!


PRÓXIMA EDIÇÃO QUINTA FEIRA

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