Ainda ontem, passei pela Câmara Municipal de Volta Redonda, mas não entrei. Mal pus o pé direito no primeiro degrau, lá de cima, o guarda me alertou: “Estamos de férias!” Como quem dissesse "Não incomode!" Férias... E pensar que há seis meses a Vereadora América Tereza discursava “Este ano foi muito improdutivo para nós vereadores. Não trabalhamos, nada”. E um outro completou “Nem um minuto sequer!”. E foram aplausos, gritos e pulos como se comemorassem um gol. Soró, então presidente, estava na berlinda. Acusavam-no de fazer compras, contratar serviços, sem dar bolas aos colegas. O orçamento anual se fora nos primeiros seis meses. Gastava como um filho pródigo. E, maior das crueldades - não deixava os outros vereadores trabalhar. Coisa imperdoável! Falavam em processá-lo. Constituiram uma comissão para investigá-lo. E vieram as férias de dezembro, e veio a eleição do novo presidente Conrado e não falaram mais nisto. Se você conversar com o Conrado ele se diz muito satisfeito com o seu mandato. Se perguntar ao Soró ele se diz mais satisfeito ainda. O insatisfeito sou eu. Assim, ergui as mãos para o céu, hoje, quando vi o nosso personagem histórico no shopping. Quem o via ali na bancada de meias e cuecas, não dava conta de sua importância na história do país. Ele atirara uma pedra na cabeça do presidente Jango. Ainda hoje carrega a estilingue no bolso de traz, como um troféu. Carrega também uma modesta munição no bolso lateral. Corri a ele e lhe pedi ajuda para resolver o problema da Câmara Municipal. E ele me olhou bem dentro dos olhos e me perguntou assim: “Só com este pouquinho de pedras?”
CABRAL NÃO ESTÁ SOZINHO
Avião da FAB |
O Corpo de Bombeiros de Alagoas emprestou carro oficial para um grupo evangélico ir até a Bahia. Tudo de graça, inclusive motorista. E de 6 a 10 de junho ficaram por lá com a viatura oficial à disposição. Como toda moeda tem dois lados, há também favores na outra mão. Autoridades públicas também gostam de ser mimadas. Vide o Governador Sérgio Cabral. Recebeu mimos de dois empresários credores do Estado - Fernando Cavendish, e Eike Batista - que lhe patrocinaram um convescote regado ao melhor whisky pomposo resort na Bahia. O primeiro abocanhou R$ 1 bilhão em obras e o segundo recebe R$ 75 milhões em incentivos fiscais. Tamos aí! A hora que precisar de mim... A Arquidiocese do Rio de Janeiro parece que não é amiga de Cavendish, nem do Eike mas desfruta com desenvoltura seus laços. Ganhou um passeio a Campo Grande, Mato Grosso do Sul, para 25 clérigos. A comissão foi encabeçada por D. Orani João Tempesta (ex-secretário da CNBB 2005-2011). A igreja diz que vai pagar, mas não sabe quando, nem quanto, nem onde. Explica, apenas, que o dinheiro irá para o Fome Zero. Só que o programa Fome Zero não existe mais. Mudou. E, parece que o governo também mudou. Nos tempos de Lula, era grande a farra com os aviões da FAB. Dilma, quando assumiu, baixou logo uma ordem - avião da FAB só levanta vôo se for a trabalho. Mas, também, se a arquidiocese não sabe ainda que o Fome Zero acabou em 2003, como há de saber que a farra mudou em 2011?
CIGARROS SÓ NAS FARMÁCIAS
A Islândia não abre mão de reduzir o consumo de cigarros no país. Tentou cavar mais fundo no bolso do consumidor mas não adiantou. Os 25% de imposto não espantou os tabagistas. Hoje, o vício atinge 15% da sua população. Índice pequeno para os padrões europeus. Não era coisa para assustar tanto. É dos menores. A Islândia, porém, pretende abaixá-lo ainda mais. Agora, inventou mais um jeito para consegui-lo: Vai vender cigarros, apenas, nas farmácias, sob prescrição médica. E ainda com a proibição de se fumar em lugares públicos. O plano vem apoiado pelo presidente da Sociedade de Cardiologia, Thararinn Gudnasson.
O MAR NÃO TÁ PRA PEIXE
Peixe-leão |
Agora, em vez de ter preocupação, apenas, com a predação promovida pelo homem, do homem, ambientalistas estão preocupados também com outros predadores. E, agora, eles assustam a Flórida e no Caribe. Segundo Philip Kramer, diretor do programa para Conservação da Natureza do Caribe, há pouquíssimos predadores naturais naquela área. Mas infestou-se de invasores marinhos de rápida reprodução que comem as outras criaturas e ainda competem por alimentos e habitats. Entre esses distingue-se o peixe-leão, nativo da região Indo-Pacífico. É um animal de pequeno porte chega no máximo a 200g mas é muito voraz. Os ambientalistas já sugerem que se esses animais sejam consumidos pelos humanos como a imensa campanha pelo consumo da carpa asiática em substituição ao robalo chileno ameaçado.
POR QUE OS BRASILEIROS NÃO REAGEM
Juan Arias, O Globo
Juan Arias |
O fato de que em apenas seis meses de governo a presidente Dilma Rousseff tenha tido que afastar dois ministros importantes, herdados do gabinete de seu antecessor Luiz Inácio Lula da Silva (o da Casa Civil da Presidência, Antonio Palocci - uma espécie de primeiro-ministro - e o dos Transportes, Alfredo Nascimento), ambos caídos sob os escombros da corrupção política, tem feito sociólogos se perguntarem por que neste país, onde a impunidade dos políticos corruptos chegou a criar uma verdadeira cultura de que "todos são ladrões" e que "ninguém vai para a prisão", não existe o fenômeno, hoje em moda no mundo, do movimento dos indignados.
Será que os brasileiros não sabem reagir à hipocrisia e à falta de ética de muitos dos que os governam? Não lhes importa que tantos políticos que os representam no governo, no Congresso, nos estados ou nos municípios sejam descarados salteadores do erário público?
É o que se perguntam não poucos analistas e blogueiros políticos.
Nem sequer os jovens, trabalhadores ou estudantes, manifestaram até agora a mínima reação ante a corrupção daqueles que os governam.
Curiosamente, a mais irritada diante do saque às arcas do Estado parece ser a presidente Rousseff, que tem mostrado publicamente seu desgosto pelo "descontrole" atual em áreas do seu governo e tirou literalmente - diz-se que a purga ainda não acabou - dois ministros-chave, com o agravante de que eram herdados do seu antecessor, o popular ex-presidente Lula, que teria pedido que os mantivesse no seu governo.
A imprensa brasileira sugere que Rousseff começou - e o preço que terá que pagar será elevado - a se desfazer de uma certa "herança maldita" de hábitos de corrupção que vêm do passado.
E as pessoas das ruas, por que não fazem eco ressuscitando também aqui o movimento dos indignados? Por que não se mobilizam as redes sociais?
O Brasil, que, motivado pela chamada marcha das Diretas Já (uma campanha política levada a cabo durante os anos 1984 e 1985, na qual se reivindicava o direito de eleger o presidente do país pelo voto direto), se lançou nas ruas contra a ditadura militar para pedir eleições, símbolo da democracia, e também o fez para obrigar o ex-presidente Fernando Collor de Mello (1990-1992) a deixar a Presidência da República, por causa das acusações de corrupção que pesavam sobre ele, hoje está mudo ante a corrupção.
As únicas causas capazes de levar às ruas até dois milhões de pessoas são a dos homossexuais, a dos seguidores das igrejas evangélicas na celebração a Jesus e a dos que pedem a liberalização da maconha.
Será que os jovens, especialmente, não têm motivos para exigir um Brasil não só mais rico a cada dia ou, pelo menos, menos pobre, mais desenvolvido, com maior força internacional, mas também um Brasil menos corrupto em suas esferas políticas, mais justo, menos desigual, onde um vereador não ganhe até dez vezes mais que um professor e um deputado cem vezes mais, ou onde um cidadão comum depois de 30 anos de trabalho se aposente com 650 reais (300 euros) e um funcionário público com até 30 mil reais (13 mil euros).
O Brasil será em breve a sexta potência econômica do mundo, mas segue atrás na desigualdade social, na defesa dos direitos humanos, onde a mulher ainda não tem o direito de abortar, o desemprego das pessoas de cor é de até 20%, frente a 6% dos brancos, e a polícia é uma das que mais matam no mundo.
Há quem atribua a apatia dos jovens em ser protagonistas de uma renovação ética no país ao fato de que uma propaganda bem articulada os teria convencido de que o Brasil é hoje invejado por meio mundo, e o é em outros aspectos.
E que a retirada da pobreza de 30 milhões de cidadãos lhes teria feito acreditar que tudo vai bem, sem entender que um cidadão de classe média europeia equivale ainda hoje a um brasileiro rico.
Outros atribuem o fato à tese de que os brasileiros são gente pacífica, pouco dada aos protestos, que gostam de viver felizes com o muito ou o pouco que têm e que trabalham para viver em vez de viver para trabalhar.
Tudo isso também é certo, mas não explica que num mundo globalizado - onde hoje se conhece instantaneamente tudo o que ocorre no planeta, começando pelos movimentos de protesto de milhões de jovens que pedem democracia ou a acusam de estar degenerada - os brasileiros não lutem para que o país, além de enriquecer, seja também mais justo, menos corrupto, mais igualitário e menos violento em todos os níveis.
Este Brasil, com o qual os honestos sonham deixar como herança a seus filhos e que - também é certo - é ainda um país onde sua gente não perdeu o gosto de desfrutar o que possui, seria um lugar ainda melhor se surgisse um movimento de indignados capaz de limpá-lo das escórias de corrupção que abraçam hoje todas as esferas do poder.
Juan Arias é correspondente do El Pais no Brasil
CURIOSIDADES
Fraude na ciência. Charles Dawson era, além de advogado, cujo passatempo predileto era coletar fósseis no litoral da Grã-Bretanha. Em 1912, já reconhecido como paleontologista, encontrou pedaços de um crânio, semelhante ao crânio humano e ao crânio do orangotango, na cidade de Piltdown, Inglaterra. Logo se supôs que era o encontro do decantado elo perdido. E foram muitas as teses de doutorado em cima dessa descoberta – o chamado Homem de Piltdown, então batizado de Ecanthropus dawsonii. Entretanto, 41 anos depois de anunciada a descoberta, o achado foi suebmetido a exames mais acurados e se descobriu que a tal cabeça encontrada para a qual se dava 500 mil anos, não tinha mais do que 500 anos. E mais: Viu-se que ela era uma junção de um velho crânio humano, uma mandíbula de orangotango corroída artificialmente e dentes fossilizados de chimpanzés.
São Nicolau. Sabe-se que São Nicolau morreu bem velho, em meados do século IV. Há referências quanto a um bálsamo que se formou em seu túmulo e era famoso por suas propriedades curativas. Durante 750 anos o túmulo de São Nicolau de Mira foi um local de peregrinação. Trazia mesmo benefícios comerciais para o local devido ao fluxo de peregrinos que atraía. Quando Mira caiu sob o domínio dos turcos, os comerciantes italianos de Veneza e Bari pensaram em levar esse movimento para suas cidades. Saiu pois uma comitiva da Itália com uma missão peculiar: roubar o cadáver de São Nicolau e efetivamente o fizeram. Bari se tornou, então, um centro de peregrinação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário