quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

CASA DA MÃE JOANA




Tem um vizinho cá no face que assiste ao Jornal Nacional em posição de sentido. Há muito tempo ele presta essa reverência à Vênus Platinada. Se a TV mandá-lo odiar a PM, ele odeia... Faz o que seu mestre mandar. Deus o guarde. Ele não sabe que os comunistas querem acabar com a Polícia Militar e que a imprensa é assim com eles. Unha e carne. E a TV é cruel. Ela cria seus fantasmas e os enfia na cabeça do seu distintíssimo público. Veja quanta gente acredita que o Temer é presidente da república. Até o Temer acredita nisto. Se ela pudesse, dava um tanque de roupa para essas mulheres que obstruem as portas dos quartéis. Elas não querem que seus maridos morram como coelhos nessa caçada nas ruas. Bobagem. Há muitos anos eles trabalham em viaturas apodrecidas, portam armas de brinquedo e enfrentam bandidos verdadeiros e amados. E quanto mais verdadeiros, mais amados. Há três anos não ganham aumentos de salários e há meses não recebem pelos dias trabalhados. Dia a dia eles tem notícia que um colega tombou nessa refrega em que morrem defendendo-se a si mesmos e a nós também. Mas a lei é clara - Soldado tem que agüentar! A Constituição o diz e estamos conversados. Do outro lado da rua o papo é bem diferente. Sérgio Cabral tem na sua residência um banheiro muito jóia. Até o assento do vaso tem temperatura regulável. Material importado. Ele nem se envergonha de suas extravagâncias. Em Paris, amarrou um guardanapo na cabeça... Mas a TV sempre mostra as autoridades em traje a rigor. O “presidente” Temer também está sempre nos trinks. Muito elegante ele fez uma solenidade para anunciar uma idéia brilhante. Mudou o nome do Ministério da Justiça para Ministério da Justiça e Segurança Pública. Aplausos, aplausos, aplausos... muitos aplausos! Só faltou mesmo é quem gritasse gooollll. As 95 mortes no Espírito Santo não pertubavam a alegria da festa. Dias depois, Alexandre Moraes cabulava votos para sua candidatura ao STF – posso contar com seu voto para ministro? Enquanto isto Paulo Hartung desesperado pedia a volta da PM às ruas. Mas era tudo conversa. Logo depois, o governador mostrava que estava de mal com a polícia. Prometia misérias. A confusão é geral. Um juiz de primeira instância embarreirava uma nomeação feita pelo “presidente” da república: o presidente do senado não cumpria determinação do STF. Presos de Rondonia negociavam com a justiça os colegas que queriam transferidos daquele presídio. Uma mobilização coletiva impunha que o Estado indenizasse as famílias de bandidos mortos por outros bandidos. Ao lado disto, PMs sem salários são espezinhados pelas autoridades, que não percebem que o número dos que vêem TV é cada vez menor.

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