CABEÇA BRILHOSA NÃO
QUER DIZER CÉREBRO BRILHANTE
Leandro Carnal traz uma
casca de banana grudada no seu pé esquerdo. Como escorrega! Para ele, Marechal
Deodoro foi o nosso primeiro presidente impinchado. Erro grosseiríssimo! Até
porque os congressistas, na época, estavam todos presos. Foi assim: Deodoro era
o cara. Militar condecorado por bravura, amigo do Imperador a quem devia uma
meia dúzia de favores impagáveis que achou de pagar com a moeda da vil
ingratidão. Proclamou a república, e, em ato contínuo, mandou D. Pedro II dar
nos calos daqui. O imperador se foi sem resistência. O marechal tava que tava.
No dia anterior, enxotara o visconde de Ouro Preto do gabinete. Mas ainda era
um monarquista. Até saldara a coroa naquela exoneração: “Viva a Majestade
Imperial!”. No dia seguinte foi que o bicho pegou. Gaspar Silveira Martins,
indicado para substituir o ministro defenestrado, era amigo de um político
gaúcho que lhe roubara uma namorada na juventude. Ainda agora, embora
sexagenário, tinha aquela espinha atravessada na sua garganta. “Me roubou a
namorada...” reverberava-lhe na alma envelhescente. Aí veio o tresloucado gesto
– proclamou a república. Aristides Lobo republicano de quatro costados não
sabia de nada. Até escreveu no Diário Popular de 18/11/89: “O povo assistiu
aquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos
acreditaram que era uma parada militar...” Mas teve muita gente esperta,
naquele dia. José do Patrocínio, líder abolicionista, que jurara defender a
Princesa Isabel e garantir-lhe o trono, foi justo quem lavrou a ata da
Proclamação da República e entregou-a fresquinha nas mãos do marechal. E veio o
primeiro ato da república: “- Fica proclamada provisoriamente e decretada como
forma de governo da Nação brasileira – a Republica Federativa.”
Provisoriamente, ora vejam só. A coisa tava de vaca não reconhecer bezerro. Mas
em 25/11/1891 Deodoro foi eleito a presidente com Floriano Peixoto de vice. Não
passava, no entanto, a crise econômica, a crise política não passava e havia o imbóglio
entre civis e militares. O Congresso, temendo um puxão de tapete vindo de
Deodoro, aprovou a Lei de Responsabilidade, restringindo-lhe os passos. Deodoro
virou um siri na lata. Chamou Barão de Lucena e esbravejou: “Não posso por mais
tempo suportar esse congresso; é mister que ele desapareça para a felicidade do
Brasil”. O congresso foi dissolvido e os congressistas presos. Floriano Peixoto
vendo o fogo chegar na porta, acirrou o almirante Custódio de Melo que, do
couraçado
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